Ética E Utopia

A obra Ética E Utopia surge da necessidade e da vontade de resolver situações complexas e dar resposta a problemas concretos.

Por que falar de utopia? Como justificar a escolha de um tema? Há com certeza algo de arbitrário e inexplicável no processo de decisão de uma investigação ou do tema de uma dissertação. Neste caso há a afirmação de um interesse não só intelectual, de conhecimento, mas implicado em uma prática; portanto, Ética E Utopia: Ensaio Sobre Ernst Bloch surge da necessidade e da vontade de resolver situações complexas e dar resposta a problemas concretos, sendo a prática mesma já marcada por outras escolhas prévias, definidas por motivos nem sempre conscientes, muitas vezes injustificáveis, como o gosto, a inclinação, o afeto, a sensibilidade.

O conceito de utopia concreta, configurado na obra de Ernst Bloch, parece não corresponder mais ao “lugar nenhum” impossível da ilha mitológica, nem é abarcado pelo pensamento desenvolvido sobre os sonhos irrealizáveis, porque nela aparecem a imaginação antecipadora dos homens e sua esperança correspondente, como forças concretas imbricadas no real, que aliam um sentido de prospecção histórica, de previsão do futuro, com o de direção e determinação dos rumos da história, pela descoberta e exploração das possibilidades do presente.

Na acepção da palavra que se insinua já num primeiro contato com a obra de Bloch, convivemos com a “utopia” em nossa vida concreta, no cotidiano como nos movimentos sociais e políticos: nas lutas socialistas, nas organizações revolucionárias, nos grupos alternativos, no movimento de mulheres, no movimento negro, no movimento ecológico, nas comunidades religiosas, em certos grupos de artistas, e mesmo dentro de partidos políticos.

Mas não só lá: no laboratório do cientista; no ateliê do arquiteto; na confecção da vitrine iluminada para a véspera de Natal… Percebo que é preciso enfrentar com mais vagar as clássicas oposições compostas com a utopia, que não se coadunam com a concreticidade que Bloch lhe parece atribuir.

Será mesmo a utopia algo que se opõe à prática política realista? Ou se inclui nessa mesma prática?

As relações da utopia com a ciência social são de oposição — serão esses termos realmente antagônicos, contraditórios? Ou suas relações são antes problemáticas mas íntimas, estando a utopia como fabricação imaginária do futuro dentro das próprias representações sociais — se não de modo necessário, pelo menos constituindo a abertura para os possíveis outros contidos no real?

A ação revolucionária exclui a utopia? A utopia impede, afasta a revolução? Ou, ao contrário, a exigência da outra sociedade já, aqui e agora, de modo complexo, é o que anima e provoca as rupturas históricas e as superações radicais? E, nesse caso, a utopia é causa da força revolucionária?

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A obra Ética E Utopia surge da necessidade e da vontade de resolver situações complexas e dar resposta a problemas concretos.

Por que falar de utopia? Como justificar a escolha de um tema? Há com certeza algo de arbitrário e inexplicável no processo de decisão de uma investigação ou do tema de uma dissertação. Neste caso há a afirmação de um interesse não só intelectual, de conhecimento, mas implicado em uma prática; portanto, Ética E Utopia: Ensaio Sobre Ernst Bloch surge da necessidade e da vontade de resolver situações complexas e dar resposta a problemas concretos, sendo a prática mesma já marcada por outras escolhas prévias, definidas por motivos nem sempre conscientes, muitas vezes injustificáveis, como o gosto, a inclinação, o afeto, a sensibilidade.

O conceito de utopia concreta, configurado na obra de Ernst Bloch, parece não corresponder mais ao “lugar nenhum” impossível da ilha mitológica, nem é abarcado pelo pensamento desenvolvido sobre os sonhos irrealizáveis, porque nela aparecem a imaginação antecipadora dos homens e sua esperança correspondente, como forças concretas imbricadas no real, que aliam um sentido de prospecção histórica, de previsão do futuro, com o de direção e determinação dos rumos da história, pela descoberta e exploração das possibilidades do presente.

Na acepção da palavra que se insinua já num primeiro contato com a obra de Bloch, convivemos com a “utopia” em nossa vida concreta, no cotidiano como nos movimentos sociais e políticos: nas lutas socialistas, nas organizações revolucionárias, nos grupos alternativos, no movimento de mulheres, no movimento negro, no movimento ecológico, nas comunidades religiosas, em certos grupos de artistas, e mesmo dentro de partidos políticos.

Mas não só lá: no laboratório do cientista; no ateliê do arquiteto; na confecção da vitrine iluminada para a véspera de Natal… Percebo que é preciso enfrentar com mais vagar as clássicas oposições compostas com a utopia, que não se coadunam com a concreticidade que Bloch lhe parece atribuir.

Será mesmo a utopia algo que se opõe à prática política realista? Ou se inclui nessa mesma prática?

As relações da utopia com a ciência social são de oposição — serão esses termos realmente antagônicos, contraditórios? Ou suas relações são antes problemáticas mas íntimas, estando a utopia como fabricação imaginária do futuro dentro das próprias representações sociais — se não de modo necessário, pelo menos constituindo a abertura para os possíveis outros contidos no real?

A ação revolucionária exclui a utopia? A utopia impede, afasta a revolução? Ou, ao contrário, a exigência da outra sociedade já, aqui e agora, de modo complexo, é o que anima e provoca as rupturas históricas e as superações radicais? E, nesse caso, a utopia é causa da força revolucionária?

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