A Construção Do Patrimônio Natural

A institucionalização da proteção da natureza no litoral paulista é uma realidade incontestável: um número sem igual de tipos de áreas protegidas distribui-se pela faixa costeira, do estado do Paraná ao Rio de Janeiro.

Entre as áreas protegidas encontram-se parques nacionais e estaduais, áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, reservas estaduais e biológicas, todas englobadas num só conjunto, protegido através do tombamento da Serra do Mar.
O tombamento significa o reconhecimento desta extensa área como um “patrimônio cultural paulista”, o que não deve parecer estranho sabendo-se que, por definição constitucional, esse termo inclui tanto edificações e obras como locais de interesse paisagístico-ecológico, o chamado patrimônio natural.
Discutir o papel e as conseqüências do tombamento da Serra do Mar no litoral norte paulista implica em refletir sobre o significado da proteção do patrimônio natural no processo de produção deste espaço geográfico. A questão central é: a proteção da natureza foi incorporada ao processo de produção desse espaço turístico litorâneo como uma nova condição para a sua reprodução? Para responder essa questão, parte-se de uma contextualização, ou seja, como foram criadas as políticas de proteção do patrimônio natural em suas diversas esferas, internacional, federal e regional? A análise crítica destas políticas procurou evidenciar que se trata, antes de tudo, de uma construção política e social. Discutir o tombamento da Serra do Mar significa, assim, compreender como se dá a construção política e social do patrimônio natural.
O tema patrimônio adquiriu na contemporaneidade destaque a ponto de se afirmar, hoje, a existência de um processo em curso de “patrimonialização”. Jeudy é o autor que propõe esse novo termo, chamando a atenção para o “fervor contemporâneo pelo culto ao passado” que leva a um “excesso de patrimônio”. Ele o vê em diversas manifestações nas cidades européias, como na prioridade para a conservação das fachadas antigas das edificações, que levou a uma verdadeira uniformização dos centros históricos, que ele chama de “obsessão por restaurar”. Ou o modismo do patrimônio industrial, que resultou na multiplicação dos museus criados em antigas áreas industriais abandonadas, os quais constroem uma memória operária da qual se retirou os aspectos conflituosos para vendê-la como objeto de consumo.

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A institucionalização da proteção da natureza no litoral paulista é uma realidade incontestável: um número sem igual de tipos de áreas protegidas distribui-se pela faixa costeira, do estado do Paraná ao Rio de Janeiro. Entre as áreas protegidas encontram-se parques nacionais e estaduais, áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, reservas estaduais e biológicas, todas englobadas num só conjunto, protegido através do tombamento da Serra do Mar.
O tombamento significa o reconhecimento desta extensa área como um “patrimônio cultural paulista”, o que não deve parecer estranho sabendo-se que, por definição constitucional, esse termo inclui tanto edificações e obras como locais de interesse paisagístico-ecológico, o chamado patrimônio natural.
Discutir o papel e as conseqüências do tombamento da Serra do Mar no litoral norte paulista implica em refletir sobre o significado da proteção do patrimônio natural no processo de produção deste espaço geográfico. A questão central é: a proteção da natureza foi incorporada ao processo de produção desse espaço turístico litorâneo como uma nova condição para a sua reprodução? Para responder essa questão, parte-se de uma contextualização, ou seja, como foram criadas as políticas de proteção do patrimônio natural em suas diversas esferas, internacional, federal e regional? A análise crítica destas políticas procurou evidenciar que se trata, antes de tudo, de uma construção política e social. Discutir o tombamento da Serra do Mar significa, assim, compreender como se dá a construção política e social do patrimônio natural.
O tema patrimônio adquiriu na contemporaneidade destaque a ponto de se afirmar, hoje, a existência de um processo em curso de “patrimonialização”. Jeudy é o autor que propõe esse novo termo, chamando a atenção para o “fervor contemporâneo pelo culto ao passado” que leva a um “excesso de patrimônio”. Ele o vê em diversas manifestações nas cidades européias, como na prioridade para a conservação das fachadas antigas das edificações, que levou a uma verdadeira uniformização dos centros históricos, que ele chama de “obsessão por restaurar”. Ou o modismo do patrimônio industrial, que resultou na multiplicação dos museus criados em antigas áreas industriais abandonadas, os quais constroem uma memória operária da qual se retirou os aspectos conflituosos para vendê-la como objeto de consumo.

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