Da Compaixão À Solidariedade

Da Compaixão À Solidariedade: Uma Genealogia Da Assistência Médica - A autora apresenta uma análise que vai da lógica da compaixão à lógica utilitarista, modalidades diferenciadas de intervenção sobre a saúde das pessoas e coletividades no século XIX e que, apesar de aparentemente antagônicas, estão mais próximas do que se possa imaginar. Analisa as motivações éticas a partir das quais se legitimaram diversas modalidades de assistência médica aos necessitados.


Da Compaixão À Solidariedade examina, assim, a história de certas práticas e estratégias concretas, tais como a constituição do hospital em um espaço médico; o papel da caridade e da filantropia na assistência; o nascimento da família moderna como agente de controle médico das populações e a multiplicação de intervenções nas moradias populares garantidas pelo sistema de visitas em domicílio.
Essas práticas, que encontram seu fundamento ético ora na caridade ora no utilitarismo filantrópico, parecem estar estruturadas a partir de relações de assimetria entre assistentes e assistidos. Afirma, também, a necessidade de pensar a assistência médica a partir de vínculos simétricos, fundamentados na solidariedade e na equidade, e não a partir dos vínculos assimétricos que derivam ora da contingência do sentimento de compaixão, ora das exigências impositivas do bem-estar coletivo.
Sandra Caponi através da leitura de Nietzsche (1987) e Hannah Arendt (1999) discute os conceitos de compaixão, piedade e solidariedade, nos estimula a pensar a elaboração de estratégias para transformar as intervenções em saúde. Estas, institucionalizadas com base na piedade e na compaixão, tendem a reproduzir mecanismos obscuros e cotidianos de coerção e controle, travestidos de humanismo.
A piedade conduz à glorificação do sofrimento alheio. A compaixão legitima as desigualdades, isola, exclui o diálogo. Já a solidariedade é um valor que se funda na vontade de universalizar a dignidade humana, pressupondo uma desapaixonada comunidade de interesses com os infortunados. A solidariedade, realização de ações que beneficia o outro, pressupõe o reconhecimento deste como sujeito autônomo, que é capaz de fazer escolha.
O percalço da compaixão, quando se amplia e passa a fundamentar políticas de assistência, apregoa Caponi, é que ela permanece alheia ao diálogo e exclui a argumentação, pretendendo superar uma necessidade, pelo imediatismo-assistencialista.

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Da Compaixão À Solidariedade: Uma Genealogia Da Assistência Médica – A autora apresenta uma análise que vai da lógica da compaixão à lógica utilitarista, modalidades diferenciadas de intervenção sobre a saúde das pessoas e coletividades no século XIX e que, apesar de aparentemente antagônicas, estão mais próximas do que se possa imaginar. Analisa as motivações éticas a partir das quais se legitimaram diversas modalidades de assistência médica aos necessitados.
Da Compaixão À Solidariedade examina, assim, a história de certas práticas e estratégias concretas, tais como a constituição do hospital em um espaço médico; o papel da caridade e da filantropia na assistência; o nascimento da família moderna como agente de controle médico das populações e a multiplicação de intervenções nas moradias populares garantidas pelo sistema de visitas em domicílio.
Essas práticas, que encontram seu fundamento ético ora na caridade ora no utilitarismo filantrópico, parecem estar estruturadas a partir de relações de assimetria entre assistentes e assistidos. Afirma, também, a necessidade de pensar a assistência médica a partir de vínculos simétricos, fundamentados na solidariedade e na equidade, e não a partir dos vínculos assimétricos que derivam ora da contingência do sentimento de compaixão, ora das exigências impositivas do bem-estar coletivo.
Sandra Caponi através da leitura de Nietzsche (1987) e Hannah Arendt (1999) discute os conceitos de compaixão, piedade e solidariedade, nos estimula a pensar a elaboração de estratégias para transformar as intervenções em saúde. Estas, institucionalizadas com base na piedade e na compaixão, tendem a reproduzir mecanismos obscuros e cotidianos de coerção e controle, travestidos de humanismo.
A piedade conduz à glorificação do sofrimento alheio. A compaixão legitima as desigualdades, isola, exclui o diálogo. Já a solidariedade é um valor que se funda na vontade de universalizar a dignidade humana, pressupondo uma desapaixonada comunidade de interesses com os infortunados. A solidariedade, realização de ações que beneficia o outro, pressupõe o reconhecimento deste como sujeito autônomo, que é capaz de fazer escolha.
O percalço da compaixão, quando se amplia e passa a fundamentar políticas de assistência, apregoa Caponi, é que ela permanece alheia ao diálogo e exclui a argumentação, pretendendo superar uma necessidade, pelo imediatismo-assistencialista.

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