Versos, Viola E Sertão

Quem foi Antônio Américo de Medeiros? Poeta, cantador, violeiro, repentista, folheteiro, editor, cordelista, escritor...

Hoje, como pesquisadora e leitora de sua poesia, compreendo que foi um privilégio conhecer, de bem perto, o ser humano e o poeta Antônio Américo de Medeiros. Ainda de forma ingênua, pude partilhar com ele a paixão pelos folhetos que, com seu jeito manso de falar, foram-me apresentados, pela primeira vez, por ele mesmo, em sua banca.

Muitas daquelas histórias e versos já eram velhos conhecidos, contados e cantados, muitas vezes, nos finais de tarde, no alpendre de casa, onde um velho e querido tio os recitava, pois sabia “de cor” os versos.

Conhecê-los materializados através da escrita, em folhetos, principalmente aqueles de capas coloridas, editados pela Luzeiro, só foi possível muitos anos depois, quando, ainda muito jovem, fui ao Mercado de Patos e conheci o local onde o poeta Antônio Américo colocava em exposição os folhetos, para que os leitores pudessem folheá-los e escolherem aquele que mais lhes agradava.

Era quase uma rotina para mim, aos sábados, passar nesse local, ficar por um bom tempo olhando os folhetos e ouvindo dele o relato sobre as histórias escolhidas e seus autores.

Ao ver outros leitores curiosos, olhando para os folhetos, e ele, como bom folheteiro e “marqueteiro nato” da poesia popular, atendendo a cada um e dizendo para aqueles que apenas olhavam frases como: “Fique à vontade, pode olhar, pois, só olhar, não paga”, eu ainda não entendia a generosidade desse gesto, que permitia também às pessoas que não tinham o dinheiro suficiente para a compra do folheto, mesmo custando uma quantia tão pequena, a leitura das mesmas histórias que encantavam ao poeta e àqueles que podiam pagar pelo texto.

Dessa forma, o folheto ficava, mas a história saía na memória do leitor, e este, ao mesmo tempo em que dava continuidade àquela história lida através da contação desta para outros ouvintes/leitores, também conquistava novos consumidores do folheto. Mais tarde, também entendi que essa era mais uma das estratégias do poeta, em sua luta pela continuidade da arte de fazer versos, para cantar e contar para o povo histórias que encantaram/encantam gerações de leitores.

O tempo passou, mas ficaram para esta leitora: o estímulo da curiosidade, através das sugestões constantes sobre a leitura de um novo folheto que precisava ser conhecido; as histórias contadas sobre os textos e sobre os seus autores; o encanto pela literatura de cordel e o exemplo de dedicação e luta do homem e do poeta pela permanência dessa literatura única, que continua viva entre nós graças à obra e à luta de homens e poetas como este que lhes apresento.

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Quem foi Antônio Américo de Medeiros? Poeta, cantador, violeiro, repentista, folheteiro, editor, cordelista, escritor...

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Muitas daquelas histórias e versos já eram velhos conhecidos, contados e cantados, muitas vezes, nos finais de tarde, no alpendre de casa, onde um velho e querido tio os recitava, pois sabia “de cor” os versos.

Conhecê-los materializados através da escrita, em folhetos, principalmente aqueles de capas coloridas, editados pela Luzeiro, só foi possível muitos anos depois, quando, ainda muito jovem, fui ao Mercado de Patos e conheci o local onde o poeta Antônio Américo colocava em exposição os folhetos, para que os leitores pudessem folheá-los e escolherem aquele que mais lhes agradava.

Era quase uma rotina para mim, aos sábados, passar nesse local, ficar por um bom tempo olhando os folhetos e ouvindo dele o relato sobre as histórias escolhidas e seus autores.

Ao ver outros leitores curiosos, olhando para os folhetos, e ele, como bom folheteiro e “marqueteiro nato” da poesia popular, atendendo a cada um e dizendo para aqueles que apenas olhavam frases como: “Fique à vontade, pode olhar, pois, só olhar, não paga”, eu ainda não entendia a generosidade desse gesto, que permitia também às pessoas que não tinham o dinheiro suficiente para a compra do folheto, mesmo custando uma quantia tão pequena, a leitura das mesmas histórias que encantavam ao poeta e àqueles que podiam pagar pelo texto.

Dessa forma, o folheto ficava, mas a história saía na memória do leitor, e este, ao mesmo tempo em que dava continuidade àquela história lida através da contação desta para outros ouvintes/leitores, também conquistava novos consumidores do folheto. Mais tarde, também entendi que essa era mais uma das estratégias do poeta, em sua luta pela continuidade da arte de fazer versos, para cantar e contar para o povo histórias que encantaram/encantam gerações de leitores.

O tempo passou, mas ficaram para esta leitora: o estímulo da curiosidade, através das sugestões constantes sobre a leitura de um novo folheto que precisava ser conhecido; as histórias contadas sobre os textos e sobre os seus autores; o encanto pela literatura de cordel e o exemplo de dedicação e luta do homem e do poeta pela permanência dessa literatura única, que continua viva entre nós graças à obra e à luta de homens e poetas como este que lhes apresento.

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