Termo “hip”, segundo fontes de estudos etimológicos, é usado no Inglês Vernáculo Afro-americano desde 1898, e significa algo que está acontecendo atualmente, neste momento, aproximando ao que entendemos como o imediatismo, sendo uma das características do mundo contemporâneo. O termo “hop” refere-se ao movimento da dança, ao “mexer o corpo”, ao balanço estrutural que não atende a uma regra específica.
Do ponto de vista etimológico, é possível dizer que a palavra hip-hop tem como finalidade um movimento corporal de dança, que acontece dentro da perspectiva da atualidade, ou seja, agora, neste instante.
Dessa forma, podemos apontar para o hip-hop como uma cultura que se apodera de pensamento e que vive, sente e age na continuação do presente. Grandmster Caz, em uma entrevista icônica para o documentário Something From Nothing: The Art Of Rap, proclama uma das frases mais representativas sobre o hip-hop. Em um dos trechos, ele diz que “O hiphop não inventou nada, mas reinventou tudo”.
Essa frase levanta uma questão crucial sobre o hip-hop em relação ao campo da arte, pois, desse modo, se o hip-hop é capaz de transformar a realidade, seria, também, capaz de criar realidades? Ressignificar, reinventar, recriar, reciclar, também, seriam, de certa maneira, conceitos que envolvem o ato de criação artística?
São perguntas pertinentes, pois os artistas, ao longo da história das criações com rap, acabam fazendo apropriações para realizarem a arte do sampleamento. Esses são conceitos e procedimentos os quais vamos desmistificando no andamento desta leitura, e fazem parte da construção desta leitura.
Ao longo da história, o hip-hop foi classificado como uma cultura popular. No documentário que foi dirigido pelo rapper Ice-T, ele revela as histórias da origem da cultura, e discute seu valor estético/artístico, principalmente, em relação ao gênero musical rap, que, junto do DJ, graffiti e break dance, formam os quatro elementos fundamentais do hip-hop. O rap é um dos temas que irão nortear as discussões ao longo deste livro, sendo abordado, com mais profundidade, em alguns momentos.
O hip-hop segue se desenvolvendo na continuação do presente. Através do elemento do conhecimento transformador, seus atores transformam pessoas e lugares na continuação do tempo, reinventando e refazendo realidades, dando um novo sentido e reprogramando o mundo. Não seria este o papel da arte, recriar para, então, criar?
Este é um convite para pensarmos as possíveis relações do rap com o campo da arte e com práticas educacionais.