
Ainda que não seja abordado de maneira explícita em sua obra, o problema da linguagem se faz presente em quase todos os escritos de Kant.
Sejam estes de caráter teórico ou prático, sobre lógica, moral, história ou antropologia, são diversas e muito ricas as referências de Kant sobre a fala, a comunicação dos pensamentos, o uso público da razão, as diferentes formas de expressão e a variedade das línguas.
Não são raras também suas reflexões sobre a sua própria linguagem, que se manifestam em sua maneira peculiar de compreender a filosofia e na importância que atribui ao modo de exposição de seus pensamentos.
Em outubro de 2017, o já tradicional Colóquio de Marília, que tem reunido professores e pesquisadores para debater temas variados da filosofia kantiana, proporcionou mais uma vez um encontro entre diversos pesquisadores, provenientes de diferentes instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, com o intuito de travar, desta vez, uma viva conversa em torno da linguagem em Kant e da linguagem de Kant.
A partir dos debates realizados durante o encontro, as comunicações foram posteriormente desenvolvidas e ampliadas de modo a compor os capítulos do livro que o leitor tem agora em mãos.
Este livro surgiu, assim, como um conjunto de pontos de vista distintos e complementares em torno da presença da linguagem na filosofia kantiana.
Essas diferentes perspectivas se entrelaçam em dois eixos principais. No primeiro, são abordadas as reflexões sobre a linguagem feitas por Kant em diferentes momentos de sua obra: a linguagem da filosofia, a linguagem poética, a linguagem do conhecimento e das ciências naturais, a linguagem na política.
No segundo eixo, são construídos diálogos, reais ou possíveis, entre Kant e outros pensadores, como Hamann, Hegel, Foucault e Wundt.
