Adaptação Intercultural: O Caso De Shakespeare No Cinema Brasileiro

O texto aqui apresentado, longe de repetir falsas hierarquizações entre “originais” e “adaptados”, busca outro caminho onde o impulso comparatista recai nas aproximações transculturais.


Para tanto, o autor acertadamente apoia-se, num primeiro momento, na teoria da intertextualidade, evitando cair em uma espécie de senso comum que, de certa forma, banalizou o conceito introduzido por Julia Kristeva, a partir de Bakhtin.
Para além da mera identificação e catalogação (taxonomia) das formas pelas quais o cinema brasileiro vem se apropriando de Shakespeare, Marcel Vieira Barreto Silva aprofunda as categorias analíticas com a ajuda do instrumental redefinido or Kristeva e Gerard Genette para o próprio conceito de intertextualidade.
O trabalho de adaptação visto como um processo de transposição ajuda-nos a compreender melhor o relacionamento entre textos verbais e não-verbais no trânsito de significados entre diferentes produções culturais. E assim, consegue, simultaneamente, investigar e questionar os diferentes graus em que são estabelecidas relações entre filmes e as peças do autor inglês.
E aqui vem sua contribuição maior, surgida no embate corpo a corpo entre as análises fílmica e intertextual. Consciente da condição inescapável de que qualquer trabalho de adaptação sempre se materializará em contextos sócio-históricos e em projetos estilísticos próprios a cada cultura, tempo histórico, nação, subjetividades, ideologia, ficou claro que, desde o início de sua pesquisa para a tese de doutorado, apenas a ferramenta do método intertextual não conseguiria dar conta da complexidade da tarefa comparatista já que a relação entre textos era, primeiramente, e mais importante, determinada pelas passagens e tensões entre culturas.
Daí a escolha mais apropriada do termo “intercultural” em substituição a transcultural ou multicultural, já que estes dois conceitos possuem um lugar epistêmico nos estudos culturais, literários e cinematográficos da contemporaneidade.
Quem ganha é o leitor. E já que Shakespeare não é James, nem cinema tampouco é literatura ou teatro e sim uma mistura destas formas narrativas e de muitas outras formas de expressão, o autor aqui, de forma brilhante, erudita e num estilo leve, agradável e muitas vezes divertido, redistribui e ressignifica seu próprio trabalho dialógico ao descobrir insuspeitadas relações entre Shakespeare e o cinema brasileiro.

  

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O texto aqui apresentado, longe de repetir falsas hierarquizações entre “originais” e “adaptados”, busca outro caminho onde o impulso comparatista recai nas aproximações transculturais.
Para tanto, o autor acertadamente apoia-se, num primeiro momento, na teoria da intertextualidade, evitando cair em uma espécie de senso comum que, de certa forma, banalizou o conceito introduzido por Julia Kristeva, a partir de Bakhtin.
Para além da mera identificação e catalogação (taxonomia) das formas pelas quais o cinema brasileiro vem se apropriando de Shakespeare, Marcel Vieira Barreto Silva aprofunda as categorias analíticas com a ajuda do instrumental redefinido or Kristeva e Gerard Genette para o próprio conceito de intertextualidade.
O trabalho de adaptação visto como um processo de transposição ajuda-nos a compreender melhor o relacionamento entre textos verbais e não-verbais no trânsito de significados entre diferentes produções culturais. E assim, consegue, simultaneamente, investigar e questionar os diferentes graus em que são estabelecidas relações entre filmes e as peças do autor inglês.
E aqui vem sua contribuição maior, surgida no embate corpo a corpo entre as análises fílmica e intertextual. Consciente da condição inescapável de que qualquer trabalho de adaptação sempre se materializará em contextos sócio-históricos e em projetos estilísticos próprios a cada cultura, tempo histórico, nação, subjetividades, ideologia, ficou claro que, desde o início de sua pesquisa para a tese de doutorado, apenas a ferramenta do método intertextual não conseguiria dar conta da complexidade da tarefa comparatista já que a relação entre textos era, primeiramente, e mais importante, determinada pelas passagens e tensões entre culturas.
Daí a escolha mais apropriada do termo “intercultural” em substituição a transcultural ou multicultural, já que estes dois conceitos possuem um lugar epistêmico nos estudos culturais, literários e cinematográficos da contemporaneidade.
Quem ganha é o leitor. E já que Shakespeare não é James, nem cinema tampouco é literatura ou teatro e sim uma mistura destas formas narrativas e de muitas outras formas de expressão, o autor aqui, de forma brilhante, erudita e num estilo leve, agradável e muitas vezes divertido, redistribui e ressignifica seu próprio trabalho dialógico ao descobrir insuspeitadas relações entre Shakespeare e o cinema brasileiro.

  

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