
Se nosso objeto é a consciência encarnada, apreciamos uma ecologia do espírito. Juracy Marques nos convida a uma meditação, olhos faiscantes a atuar como acendedores de nossa lamparina interior.
Sempre nos desafiando a enfrentar nossos medos de autorevelações, Juracy é um amigo das essências. O que nos importa, essencialmente?
Descobrir onde habita nosso espírito, ele diria. E por que você quer saber isso? Primeiro eu quero saber onde, depois saberei por que eu quero saber onde – eis o que ele responde.
A Ecologia do Espírito é uma continuação, compõe uma trilogia – Ecologia da Alma, do Corpo e agora, do Espírito. Sem apontar linearidades cartesianas e previsíveis, as ruminâncias de Juracy apontam para um desembaraço cíclico de questões postas, questões essenciais e potentes da meditação essencial da vida.
Este, a Ecologia do Espírito, começa de modo sui generis, com a revelação de uma psicografia a nos desarmar quanto aos limites dos formalismos acadêmicos e ao testemunhar que é possível, sim, dizer o espírito. Escutar-lhe a voz, mesmo em seu sentido fenomênico, diríamos: ôntico. Mas Juracy chega mais próximo mesmo é de uma ontologia.
Ele lança mão de um livre pensar acerca do tempo, do espírito do tempo e do tempo do espírito, da criação, da causalidade. Aponta para o estrangulamento da lógica quando uma metafísica ousa desafiar suas zonas fronteiriças, a um passo do mundo espiritual.
Dialogando com autores tão heterodoxos, e bravamente desfilando por entre searas por demais reservadas em circuitos acadêmicos convencionais, Marques vai invocar Amit Goswami e tantos mais que contribuem na conformação de um paradigma invisível.
A Ecologia do Espírito é mesmo essencial em dias tais, quando carecemos dos sentidos que a carta do universo, de Chardin, oferece em silêncio. Essa carta é, diria Teillard de Chardin, decifrada detalhadamente pela ciência, que não consegue, em absoluto, explicitar o sentido profundo dessa mensagem de amor que o universo cognoscível emana, de um Espírito que não se dá tão facilmente aos aparelhos cognitivos viciados por uma razão embrutecida, posto que desencarnada e desespiritualizada, a um só tempo.
