O presente libelo tem como objetivo analisar as categorias circulantes no campo das ciências ditas humanas, suas fronteiras, rupturas, e como as mesmas estão relacionadas ao campo da Ecologia Humana, analisada aqui como uma epistemologia convergente de vários campos dos saberes científicos e “não-científicos” na contemporaneidade. Uma ciência? Quiçá.
De natureza eminentemente teórica, com poucas narrativas práticas, este estudo esboça questões sobre a possibilidade de nomear uma vertente nova das interpretações ecológicas sobre as questões socioambientais no mundo atual: a Ecologia da Alma e a Alma da Ecologia.
Propõe-se uma análise das ecologias pelas esquecidas categorias da alma, do espírito, da subjetividade humana, tomadas em algumas culturas como epistemologias cognitivas/materiais e, em outras, como forças psíquicas da natureza, portadoras de existências e personalidades que atuam no mundo físico.
As análises sobre a Ecologia Humana, encontradas aqui, descrevem o deslocamento do pensamento do corpo biológico para o corpo simbólico, diria, numa lógica simplificadora, de Darwin a Lacan, e suas interações na natureza.
Pensar a categoria de alma e espírito é um desafio epistêmico na história do pensamento humano. O que diz a ciência sobre estas categorias? “Nada” ao dizer muito. E sobe a Alma da Terra? Estaríamos autorizados a pensar nisso? Qual será o impacto no campo da Ecologia Humana da tese que sustenta a alma como a espécie mais complexa da biodiversidade planetária?
Na perspectiva de uma ecologia da alma, as relações humanas são pensadas nas suas dimensões simbólicas, imaginárias e reais. Assim, as dualidades que alimentaram as ideologias durante décadas como ocidente-oriente, sul-norte, capitalismo-socialismo, objetivo-subjetivo, corpo-alma, deus-demônio, amor-ódio, vida-morte, homem-mulher, norte-sul, não é a via pretendida nesse ensaio, mas estruturas simbólicas e imaginárias líquidas e evanescentes, com estatuto de nuvem, componentes da alma humana.
A ecologia da alma busca uma imersão nos modos de produção das subjetividades e seus enraizamentos nos sistemas ecológicos simbólicos que, defendo, são produtos das pulsações das psiquês humanas e das inteligências de outras formas de vida, incluíndo-se a alma da Terra e dos outros fios que nos ligam aos elementos do Universo (pulsão ecológica). Tudo está vivo e, acreditem, até nós!