O centenário de Jacques Lacan foi a oportunidade para a publicação na França dos Outros Escritos, que agora está também ao alcance do leitor brasileiro.
Passados mais de 20 anos de sua morte, Lacan ainda não foi superado na psicanálise. A acolhida dada a seus Escritos e Seminários o atesta: eles são recebidos por profissionais e pelo público como livros de hoje, não de outrora.
Em Outros Escritos – que dá continuidade aos Escritos – encontram-se importantes textos de Lacan veiculados entre 1966 e 1973, além daqueles que não encontraram espaço na coletânea anterior.
Quase todos os escritos que a compõem foram publicados durante a vida do autor. Dentre as dezenas de contribuições reunidas nesse livro, encontram-se:
- Os complexos familiares
- Discurso de Roma
- Ato de fundação
- Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escol
- Radiofonia
- O aturdito
- Televisão
- Joyce, o sintoma
- Carta de dissolução
Criteriosamente traduzido e revisto por especialistas na obra do mestre francês, Outros Escritos traz a paginação correspondente da edição original, índices de nomes citados, referências bibliográficas organizadas cronologicamente e um grande número de notas esclarecedoras, várias delas preparadas especialmente para a edição brasileira.
“A publicação desta coletânea não se inscreve em nenhum “retorno a Lacan”. Isso porque, segundo cremos, Lacan não se afastou. Esta presente. Sempre atual, ou definitivamente intempestivo? Talvez ele esteja presente à maneira muito particular da Carta Roubada.” Jacques-Alain Miller, no prólogo dos Outros Escritos.
Jacques Lacan (1901-1981) foi o seguidor que mais contribuiu e deu continuidade à obra de Freud, e soube articular a psicanálise a diferentes campos do saber, como arte, literatura, ciência e filosofia.
Lacan denominou o começo de seu ensino de “retorno a Freud”. Apoiando-se na filosofia hegeliana, na linguística saussuriana e nos trabalhos de Lévi-Strauss, retornou aos textos freudianos.
Assim, tal aporte possibilitou a elaboração de suas concepções sobre o “significante”, o “inconsciente organizado como uma linguagem”, “simbólico, imaginário e real”, a “interdição do incesto” e o “complexo de Édipo”.