Cem Anos De Solidão

Gabriel García Márquez - Cem Anos De Solidão

O colombiano Gabriel García Márquez é o último grande contador de histórias do século XX — e, até prova em contrário, da própria literatura ocidental.

Depois de cem anos marcados por revoluções literárias radicais, não deixa de ser surpreendente que ele tenha conquistado tamanha notoriedade — nem o Nobel lhe falta, ganhou-o em 1982 — enquanto tentava apenas imitar o tom com que sua avó materna lhe contava episódios mais fantásticos: sem alterar um só traço do rosto.

Em nenhum outro livro García Márquez empenhou-se tanto para alcançar aquele tom como em Cem Anos De Solidão (1967).

Assim, ao mesmo tempo em que a incrível e triste história dos Buendía — a estirpe de solitários para a qual não será dada ‘uma segunda oportunidade sobre a terra” — pode ser entendida como uma autêntica enciclopédia do imaginário, ela é narrada de modo a parecer sempre que tudo faz parte da mais banal das realidades.

Seria ingênuo procurar uma chave que explicasse toda a grandeza deste livro diante do qual o repertório de adjetivos torna-se espantosamente ineficaz. Porém, é razoável atribuir parte do êxito de Cem Anos De Solidão àquela contaminação, pelo real, do universo maravilhoso da fictícia Macondo, onde se passa o romance.

Aqui pesou muito a experiência jornalística de García Márquez. E também a sombra do tcheco Franz Kafka (foi depois de ler a primeira frase de A Metamorfose que García Márquez decidiu que seria escritor).

Mas, para além desses artifícios técnicos e influências literárias, é preciso que se diga que a atordoante sensação de realidade que transborda de Cem Anos De Solidãoa deve-se ainda ao fato de que ele foi escrito, segundo o autor, para “dar uma saída às experiências que de algum modo me afetaram durante a infância”.

Tome-se, por exemplo, a primeira frase de Cem Anos De Solidão. Quando o escritor era pequeno, seu avô, o coronel Márquez, o apresentou mesmo, maravilhado, ao gelo, tal como José Arcadio Buendía faz com o filho Aureliano.

Do mesmo modo que José Arcadio, o avô de García Márquez também carregava, na vigília e nos sonhos, o peso de um morto — o homem que havia assassinado. O coronel era marido de Tranquilina, aquela avó que encheu os primeiros anos e o resto da vida do neto Gabriel de histórias bem contadas.

García Márquez costuma dizer que todo grande escritor está sempre escrevendo o mesmo livro. “E qual seria o seu?”, perguntaram-lhe. “O livro da solidão”, foi a resposta.

Apesar disso, ele não considera Cem Anos De Solidão sua melhor obra (gosta demais de O Outono Do Patriarca, onde o tema também está presente). O que importa?

O certo é que nenhum outro romance resume tão completamente o formidável talento deste contador de histórias de solitários — que se espalham e se espalharão por muito mais de cem anos pelas Macondos de todo o mundo.

   

 

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Gabriel García Márquez – Cem Anos De Solidão

O colombiano Gabriel García Márquez é o último grande contador de histórias do século XX — e, até prova em contrário, da própria literatura ocidental.

Depois de cem anos marcados por revoluções literárias radicais, não deixa de ser surpreendente que ele tenha conquistado tamanha notoriedade — nem o Nobel lhe falta, ganhou-o em 1982 — enquanto tentava apenas imitar o tom com que sua avó materna lhe contava episódios mais fantásticos: sem alterar um só traço do rosto.

Em nenhum outro livro García Márquez empenhou-se tanto para alcançar aquele tom como em Cem Anos De Solidão (1967).

Assim, ao mesmo tempo em que a incrível e triste história dos Buendía — a estirpe de solitários para a qual não será dada ‘uma segunda oportunidade sobre a terra” — pode ser entendida como uma autêntica enciclopédia do imaginário, ela é narrada de modo a parecer sempre que tudo faz parte da mais banal das realidades.

Seria ingênuo procurar uma chave que explicasse toda a grandeza deste livro diante do qual o repertório de adjetivos torna-se espantosamente ineficaz. Porém, é razoável atribuir parte do êxito de Cem Anos De Solidão àquela contaminação, pelo real, do universo maravilhoso da fictícia Macondo, onde se passa o romance.

Aqui pesou muito a experiência jornalística de García Márquez. E também a sombra do tcheco Franz Kafka (foi depois de ler a primeira frase de A Metamorfose que García Márquez decidiu que seria escritor).

Mas, para além desses artifícios técnicos e influências literárias, é preciso que se diga que a atordoante sensação de realidade que transborda de Cem Anos De Solidãoa deve-se ainda ao fato de que ele foi escrito, segundo o autor, para “dar uma saída às experiências que de algum modo me afetaram durante a infância”.

Tome-se, por exemplo, a primeira frase de Cem Anos De Solidão. Quando o escritor era pequeno, seu avô, o coronel Márquez, o apresentou mesmo, maravilhado, ao gelo, tal como José Arcadio Buendía faz com o filho Aureliano.

Do mesmo modo que José Arcadio, o avô de García Márquez também carregava, na vigília e nos sonhos, o peso de um morto — o homem que havia assassinado. O coronel era marido de Tranquilina, aquela avó que encheu os primeiros anos e o resto da vida do neto Gabriel de histórias bem contadas.

García Márquez costuma dizer que todo grande escritor está sempre escrevendo o mesmo livro. “E qual seria o seu?”, perguntaram-lhe. “O livro da solidão”, foi a resposta.

Apesar disso, ele não considera Cem Anos De Solidão sua melhor obra (gosta demais de O Outono Do Patriarca, onde o tema também está presente). O que importa?

O certo é que nenhum outro romance resume tão completamente o formidável talento deste contador de histórias de solitários — que se espalham e se espalharão por muito mais de cem anos pelas Macondos de todo o mundo.

   

 

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