Fellipe Ávila De Oliveira - O Perspectivismo De Nietzsche: Uma Abordagem Crítica À Metafísica

Este livro versará sobre a natureza daquilo que a literatura crítica nietzschiana denomina como Perspectivismo.

A obra de Friedrich Nietzsche pode ser dividida didaticamente em três períodos distintos, sendo atribuída originalmente tal divisão a Lou-Salomé. Nossa pesquisa está centrada na fase intermediária (1876-1882), precisamente aquela na qual Nietzsche adota um espírito hostil à investigação da metafísica clássica ocidental.

Quando tais princípios metafísicos são postos sob o escrutínio de Nietzsche, como a existência da realidade independente das representações, a verdade enquanto precisão na representação linguística, a objetividade do conhecimento e a formalidade da razão humana, delinear-se-ão os traços gerais do seu Perspectivismo, o qual seria uma forma de abordagem crítica em relação à tradição filosófica metafísica do Ocidente.

Como desfecho, apresentaremos sumariamente algumas interpretações de filósofos contemporâneos acerca do Perspectivismo e apontaremos a importância da contribuição teórica do Perspectivismo de Nietzsche para a filosofia atual, independentemente de qual concepção filosófica seja assumida no processo reflexivo.

Dentre as diferentes áreas de investigação filosófica, emergem uma multiplicidade considerável de questões cujo meio apropriado de esclarecimento conceitual e escrutínio crítico não pode ser realizado através de experimentos de laboratório.

Esse tratamento conceitual e argumentativo a priori pode ser uma forma de entender o que constitui uma problemática filosófica e aquilo que a diferencia de uma problemática científica experimental.

Como exemplo disso, temos problemas éticos, como o que é a justiça, o que é fazer a coisa certa ou errada, a existência de regras morais universalmente aplicáveis ou a possibilidade todas serem relativas, também temos problemas sobre o homem, como o que é a mente humana, qual o propósito da vida, o que exatamente a vida ou morte significam, se o ser humano tem livre-arbítrio em suas ações, e também há problemas linguísticos, como o que é o significado, se os sentidos das frases declarativas são independentes do pensamento humano, se é possível haver indeterminação na tradução entre línguas diferentes, entre muitos outros.