A Voluptuosidade Do Nada: Niilismo E Galhofa Em Machado De Assis

O objetivo geral deste livro é argumentar que o niilismo é um dos Leitmotive da prosa de Joaquim Maria Machado de Assis, aparecendo como perspectiva a ser galhofada. Embora o niilismo na obra do escritor brasileiro apresente várias afinidades eletivas com o niilismo europeu

, ele estrutura-se a partir de questões machadianas específicas que percorrem toda a sua obra.
Leitmotiv é uma técnica de composição musical caracterizada por um tema melódico ou harmônico destinado a caracterizar um personagem, uma situação ou um estado de espírito e que, na forma original ou por meio de transformações, acompanha os seus múltiplos reaparecimentos ao longo de uma obra. Por analogia, refere-se à ideia ou fórmula que reaparece de modo constante em uma obra literária, expressando uma preocupação dominante ou um tema fundamental. Embora seja possível uma tradução literal — motivo condutor — o termo alemão é consensualmente mantido e registrado em dicionários de língua portuguesa.
As principais reivindicações deste livro são: (1) a prosa de Machado de Assis, com a pena da galhofa, conjuga filosofia e literatura de tal modo que conteúdo filosófico e forma literária tornam-se indissociáveis; (2) o niilismo é a dominante cultural do Ocidente no século XIX; (3) Machado de Assis teve uma aguda consciência do caráter complexo e multifacetado da presença do niilismo em seu tempo.
O conceito de dominante cultural, que tomo emprestado de Fredric Jameson, parte do princípio de que de tempos em tempos ocorrem modificações sistêmicas na história da civilização, ou ao menos alterações fundamentais na esfera da cultura, que geram uma nova concepção de mundo predominante. O que não significa afirmar a constituição de uma ordem social totalmente nova, mas apenas o surgimento de um novo paradigma, ou visão de mundo (Weltanschauung), que permite a presença e coexistência de uma gama de características muito distintas, ainda que subordinadas à dominante: “Descrevê-la em termos de hegemonia cultural não significa sugerir uma homogeneidade cultural massificada e uniforme do campo social, mas exatamente levar em conta sua coexistência com outras forças resistentes e heterogêneas que ele tem tendência a dominar e a incorporar”1. Nesse sentido, o niilismo deve ser compreendido como categoria maior para a análise das dinâmicas culturais em operação nas múltiplas esferas de interação sociocultural no século XIX.

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O objetivo geral deste livro é argumentar que o niilismo é um dos Leitmotive da prosa de Joaquim Maria Machado de Assis, aparecendo como perspectiva a ser galhofada. Embora o niilismo na obra do escritor brasileiro apresente várias afinidades eletivas com o niilismo europeu, ele estrutura-se a partir de questões machadianas específicas que percorrem toda a sua obra.
Leitmotiv é uma técnica de composição musical caracterizada por um tema melódico ou harmônico destinado a caracterizar um personagem, uma situação ou um estado de espírito e que, na forma original ou por meio de transformações, acompanha os seus múltiplos reaparecimentos ao longo de uma obra. Por analogia, refere-se à ideia ou fórmula que reaparece de modo constante em uma obra literária, expressando uma preocupação dominante ou um tema fundamental. Embora seja possível uma tradução literal — motivo condutor — o termo alemão é consensualmente mantido e registrado em dicionários de língua portuguesa.
As principais reivindicações deste livro são: (1) a prosa de Machado de Assis, com a pena da galhofa, conjuga filosofia e literatura de tal modo que conteúdo filosófico e forma literária tornam-se indissociáveis; (2) o niilismo é a dominante cultural do Ocidente no século XIX; (3) Machado de Assis teve uma aguda consciência do caráter complexo e multifacetado da presença do niilismo em seu tempo.
O conceito de dominante cultural, que tomo emprestado de Fredric Jameson, parte do princípio de que de tempos em tempos ocorrem modificações sistêmicas na história da civilização, ou ao menos alterações fundamentais na esfera da cultura, que geram uma nova concepção de mundo predominante. O que não significa afirmar a constituição de uma ordem social totalmente nova, mas apenas o surgimento de um novo paradigma, ou visão de mundo (Weltanschauung), que permite a presença e coexistência de uma gama de características muito distintas, ainda que subordinadas à dominante: “Descrevê-la em termos de hegemonia cultural não significa sugerir uma homogeneidade cultural massificada e uniforme do campo social, mas exatamente levar em conta sua coexistência com outras forças resistentes e heterogêneas que ele tem tendência a dominar e a incorporar”1. Nesse sentido, o niilismo deve ser compreendido como categoria maior para a análise das dinâmicas culturais em operação nas múltiplas esferas de interação sociocultural no século XIX.

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