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Ao ler, nos últimos anos, textos de Teoria Educacional, quem não se deparou com termos como “metafísica da presença”, “sujeito”, “performatividade”, “binarismo”, “episteme”, falagocentrismo”, entre muitos aparentemente estranhos às preocupações das teorias pedagógicas e curriculares? Essa proliferação, na teorização educacional, de termos tomados de empréstimo à teorização social e cultural, demonstra seu amplo caráter intertextual. Teoria Cultural E Educação: Um Vocabulário Crítico apresenta mais de 200 verbetes originados de campos tão diversos como a Filosofia, Teoria Literária, Estudos Culturais, Psicanálise e Sociologia.
O campo intelectual da Educação é, hoje, um campo de Teoria. Assim mesmo, com T maiúsculo, significando que tomamos de empréstimo, de forma desavergonhada, conceitos e termos dos mais diversos campos da Teoria Social, da Teoria Literária e da Filosofia. Por sua multivocalidade, polifonia e heteroglossia bakhtinianas, o campo da Educação é atualmente muito mais interessante e estimulante do que há alguns anos, quando se definia exclusivamente em termos de “ensino, aprendizagem e didática”, e era colonizado pela Psicologia. Uma chatice! Este “vocabulário crítico” é minha tentativa de mapear o campo dos discursos teóricos contemporâneos em Educação.
É claro que isto significou ter feito escolhas e seleções. Muitas escolhas e seleções, na verdade. O campo teórico educacional tem passado por muitas transformações e é, hoje, extremamente pluralista e diversificado. Nós vamos facilmente de Marx a Habermas, de Nietszche a Foucault, de Freud a Lacan ou, para seguir uma ordem alfabética, como a deste glossário, de Althusser a Zizek.
Já não nos contentamos em ancorar nossos conceitos e teorias apenas na Sociologia, na Psicologia e no Marxismo. Servimo-nos livremente, entre outras, das contribuições dos Estudos Culturais, da Psicanálise, do Pós-Estruturalismo, do Pós-Modernismo, do Pós-Colonialismo, do Pós-Marxismo.
Pode parecer paradoxal elaborar um vocabulário como este numa era “pós-estruturalista” de incerteza e indeterminação. Mesmo a mais radical das pós-estruturalistas (só para variar, no que se segue, quando utilizo o feminino, os homens, por favor, sintam-se incluídos) vai concordar, entretanto, que os significados podem ser flutuantes, mas ainda precisamos deles para nos comunicar. E as leitoras dos textos pós-estruturalistas ainda vão precisar compreender o que as autoras pós-estruturalistas querem dizer quando falam de “significados flutuantes”, “posições de sujeito” ou “virada linguística”.
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