O Jogo De Duplos Na Poesia De Sá-Carneiro

O jogo de duplos na poesia de Mário de Sá-Carneiro, aqui estudado, teve pesquisa preparatória iniciada pelos idos de 1989, muito antes de ser eleito tema deste livro.
Até então a obra de Mário de Sá-Carneiro, autor que foi mola propulsora da revista Orpheu e nome emblemático do primeiro Modernismo português, mereceu poucas, mas importantes leituras iniciais, como as de Maria Aliete Galhoz e Dieter Woll, por exemplo, que, mesmo assim, não foram suficientes para apressar o reconhecimento literário do autor de Dispersão.
Fazendo uma predição para si mesmo, como repetidas vezes deixa transparecer nos versos por ele escritos, o próprio autor preconizou que a obra deixada só seria compreendida vinte anos após sua morte e, realmente, apenas decorrido esse prazo, a fortuna crítica que lhe diz respeito tornou-se mais rica.

Outros autores do Modernismo português, entretanto, foram mais estudados do que Sá-Carneiro. Justamente por não entendermos que assim fosse, optamos por estudar a poesia de Sá-Carneiro, autor por quem, de início, não tínhamos nenhuma simpatia.
Adquirida a obra poética, a de ficção, a correspondência e a pouca análise que de seu trabalho até então se fizera, li a poesia com persistência, atenção e comprometimento, sobretudo porque nela reside o mistério da alma humana agrilhoada a uma tácita condenação trágica.
Logo nos vimos diante de uma unidade temática compacta, uma habilidade técnica invejável, uma imagística desnorteante, uma sintaxe inusitada, uma simbologia altamente condensada sob a capa (ou sob a máscara) de um torturante dissídio implementado entre um eu e um outro.
Quanto ao poeta de Camarate, a objeção mais frequente que se lhe lança é o pequeno número de poemas deixado. Ora, esta é uma grande estopada porque há livros clássicos macérrimos e autores, na literatura de todos os povos, inclusive nos de Língua Portuguesa, que ficaram famosos com a publicação de opúsculos e plaquetes contendo, no máximo, doze, dezesseis, vinte poemas. Perguntamos a esses pseudocríticos: – a obra poética de João de Deus, Cesário Verde, Camilo Pessanha é de grande extensão? A resposta é óbvia e dada com a ajuda da própria Literatura Portuguesa.
Apodo bem comum dirigido à poesia de Sá-Carneiro é o que surge da comparação de sua lírica com a obra de outros autores que se derramaram em milhares de páginas, sem levar em conta que escrever abundantemente quase sempre inviabiliza a condensação, conceito considerado por Ezra Pound essencial ao bom desempenho poético.

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Fazendo uma predição para si mesmo, como repetidas vezes deixa transparecer nos versos por ele escritos, o próprio autor preconizou que a obra deixada só seria compreendida vinte anos após sua morte e, realmente, apenas decorrido esse prazo, a fortuna crítica que lhe diz respeito tornou-se mais rica. Outros autores do Modernismo português, entretanto, foram mais estudados do que Sá-Carneiro. Justamente por não entendermos que assim fosse, optamos por estudar a poesia de Sá-Carneiro, autor por quem, de início, não tínhamos nenhuma simpatia.
Adquirida a obra poética, a de ficção, a correspondência e a pouca análise que de seu trabalho até então se fizera, li a poesia com persistência, atenção e comprometimento, sobretudo porque nela reside o mistério da alma humana agrilhoada a uma tácita condenação trágica.
Logo nos vimos diante de uma unidade temática compacta, uma habilidade técnica invejável, uma imagística desnorteante, uma sintaxe inusitada, uma simbologia altamente condensada sob a capa (ou sob a máscara) de um torturante dissídio implementado entre um eu e um outro.
Quanto ao poeta de Camarate, a objeção mais frequente que se lhe lança é o pequeno número de poemas deixado. Ora, esta é uma grande estopada porque há livros clássicos macérrimos e autores, na literatura de todos os povos, inclusive nos de Língua Portuguesa, que ficaram famosos com a publicação de opúsculos e plaquetes contendo, no máximo, doze, dezesseis, vinte poemas. Perguntamos a esses pseudocríticos: – a obra poética de João de Deus, Cesário Verde, Camilo Pessanha é de grande extensão? A resposta é óbvia e dada com a ajuda da própria Literatura Portuguesa.
Apodo bem comum dirigido à poesia de Sá-Carneiro é o que surge da comparação de sua lírica com a obra de outros autores que se derramaram em milhares de páginas, sem levar em conta que escrever abundantemente quase sempre inviabiliza a condensação, conceito considerado por Ezra Pound essencial ao bom desempenho poético.

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