
O amor em Clarice alcança a autora desse belo livro através de suas entrelinhas, naquilo que deixa escapar, o não dito. Apaixonada por Clarice, Olira faz evidenciar instantes afetivos pela literatura, seus objetos e utensílios e, sobretudo, pela leitura e seus espaços, onde, inclusive, sempre encontrou refúgio.
Se arvorando a trilhar caminhos diversos ao longo da sua trajetória, Olira nos presenteia com essa publicação que representa, dentre outros aspectos, o retorno ao seu locus de afeto, lugar de partida e que, encontrando inspirações muito além de intelectuais, envolve seu leitor em uma escrita cheia de sentimentos que podem ser pescados entre as linhas que se sucedem.
O leitor desse livro, então, ganha um texto que, no atual contexto, se insere como uma obra de caráter acadêmico – e de relevante contribuição científica – mas que, em sua tessitura, pelo refinamento estilístico próprio da autora, invade seus legentes com pura poesia.
O legente tem em suas mãos uma obra que, partindo das estantes como símbolos dos espaços de guarda do conhecimento ao longo do tempo, alcança as atuais conformações das biblio/mídia/tecas fazendo ver um conceito mais pertinente ao contexto contemporâneo, o das Multitecas.
Admitindo a conectividade como força motriz que faz reconfigurar o modus operandi historicamente tecido pelos/nos espaços de leitura, Olira faz revelar transformações em curso que estão a operar rupturas historicamente assentadas, sobretudo, acerca das noções de posse e de guarda e sua transmutação em lógicas de acesso e compartilhamento.
Nesse horizonte, o termo Multitecas surge a partir de uma inspiração, desvelando espaços físicos e/ou digitais de coleções diversas dadas em conectividade, reverberando em múltiplos pontos de presença que se espraiam em experiências sensíveis.
Multitecas: De Estantes A Instantes sem dúvida alguma, faz avançar as discussões acerca das transformações ora sofridas no locus do saber e esse texto é um convite para que se deixe levar pelos sentimentos que permeiam as linhas dessa obra, permitindo-se contaminar pela sintaxe envolvente que revela sua autoria somente para leitores atentos e sensíveis.











