A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar

A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar defende a garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada; resgata os sabores, presentes nas memórias.

Pé no chão. Acerola no pé. Lustrosa. Banhada de sol. Vermelha. Quente. Azeda. Cantoria de mãe. Feijão debulhado. Abraço gostoso. Carapeba já cheira. Tá na mesa. Enquanto crescemos, mal percebemos nossos sentidos trabalhando a todo vapor na edificação de nossas memórias. Aquelas que durante a vida nos recordarão cotidianamente de quem somos. Aquelas que, décadas após décadas, nos transportarão, a partir de um simples cheiro ou gosto, sem nenhum exercício de racionalização, involuntariamente, à casa materna, à nossa tekoha, o lugar onde somos o que somos. Lugar onde somos fortes.

Acerolas, carapebas, feijões… A alimentação tem um papel importante na tarefa de nos ensinar o que é casa. Rachel de Queiroz nos lembra que a comida é um poderoso elo de conexão entre o ser e o lugar. Lendo sobre carimãs, piaus, pebas e mocororós da sua fazenda, a Não me deixes, é possível chegar até o sertão do Ceará, em Quixadá.

Para os guaranis, na tekoha deve haver matas, frutos para coleta, plantas medicinais, água e áreas para plantio. Ela deve nos fazer ser e não apenas existir.

A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar fala sobre a casa de alguns de nós em Arez, Baía Formosa, Canguaretama, Espírito Santo, Goianinha, Montanhas, Pedro Velho, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Vila Flor. Este livro fala sobre uma tekoha rica e, como tantas outras, sob risco.

Em um cenário no qual presenciamos o desmantelamento dos sistemas alimentares de povos e comunidades tradicionais, mais de 50% da energia que consumimos vem de 4 plantas – arroz, batata, trigo e milho –, que têm sementes distribuídas por meia dúzia de corporações privadas. Apenas dez empresas processam essas matérias em indústrias. Três redes de supermercados vendem toda essa comida. Estamos doentes: somos 7,7 bilhões, dos quais 2 bilhões encontram-se em estado de sobrepeso e obesidade, 2 bilhões não têm acesso aos nutrientes essenciais à vida e mais 1 bilhão sequer tem acesso a alimentos.

É verdadeira a afirmação de que a maior parte dos problemas que criam obstáculos à garantia de uma alimentação adequada e saudável, aquela que nos leva de volta à nossa casa, tem uma profunda relação com as estratégias verticais do uso do território. Estas, no dizer do geógrafo Milton Santos, são aquelas que prometem uma suposta aceleração no desenvolvimento da produção local, mas usurpam o poder sobre o território daqueles que o habitam; colocam em risco nossas comidas, usurpam nossas melhores memórias e, por fim, nossa casa.

Por isso, para Câmara Cascudo, o povo que defende seus pratos, defende seu território. É isto que essas bravas autoras e autor da obra A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar fazem: defendem a garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada; resgatam os sabores, presentes nas memórias dos moradores desse lugar, para colaborar na defesa de sua tekoha.

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Pé no chão. Acerola no pé. Lustrosa. Banhada de sol. Vermelha. Quente. Azeda. Cantoria de mãe. Feijão debulhado. Abraço gostoso. Carapeba já cheira. Tá na mesa. Enquanto crescemos, mal percebemos nossos sentidos trabalhando a todo vapor na edificação de nossas memórias. Aquelas que durante a vida nos recordarão cotidianamente de quem somos. Aquelas que, décadas após décadas, nos transportarão, a partir de um simples cheiro ou gosto, sem nenhum exercício de racionalização, involuntariamente, à casa materna, à nossa tekoha, o lugar onde somos o que somos. Lugar onde somos fortes.

Acerolas, carapebas, feijões… A alimentação tem um papel importante na tarefa de nos ensinar o que é casa. Rachel de Queiroz nos lembra que a comida é um poderoso elo de conexão entre o ser e o lugar. Lendo sobre carimãs, piaus, pebas e mocororós da sua fazenda, a Não me deixes, é possível chegar até o sertão do Ceará, em Quixadá.

Para os guaranis, na tekoha deve haver matas, frutos para coleta, plantas medicinais, água e áreas para plantio. Ela deve nos fazer ser e não apenas existir.

A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar fala sobre a casa de alguns de nós em Arez, Baía Formosa, Canguaretama, Espírito Santo, Goianinha, Montanhas, Pedro Velho, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Vila Flor. Este livro fala sobre uma tekoha rica e, como tantas outras, sob risco.

Em um cenário no qual presenciamos o desmantelamento dos sistemas alimentares de povos e comunidades tradicionais, mais de 50% da energia que consumimos vem de 4 plantas – arroz, batata, trigo e milho –, que têm sementes distribuídas por meia dúzia de corporações privadas. Apenas dez empresas processam essas matérias em indústrias. Três redes de supermercados vendem toda essa comida. Estamos doentes: somos 7,7 bilhões, dos quais 2 bilhões encontram-se em estado de sobrepeso e obesidade, 2 bilhões não têm acesso aos nutrientes essenciais à vida e mais 1 bilhão sequer tem acesso a alimentos.

É verdadeira a afirmação de que a maior parte dos problemas que criam obstáculos à garantia de uma alimentação adequada e saudável, aquela que nos leva de volta à nossa casa, tem uma profunda relação com as estratégias verticais do uso do território. Estas, no dizer do geógrafo Milton Santos, são aquelas que prometem uma suposta aceleração no desenvolvimento da produção local, mas usurpam o poder sobre o território daqueles que o habitam; colocam em risco nossas comidas, usurpam nossas melhores memórias e, por fim, nossa casa.

Por isso, para Câmara Cascudo, o povo que defende seus pratos, defende seu território. É isto que essas bravas autoras e autor da obra A Cozinha Popular Do Litoral Sul Potiguar fazem: defendem a garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada; resgatam os sabores, presentes nas memórias dos moradores desse lugar, para colaborar na defesa de sua tekoha.

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