Docta Spes E As Utopias Técnicas

Ernst Bloch, filósofo e conhecido mago de Tübigen, dedicou grande parte de seus estudos a pensar os movimentos utópicos que envolveram a história da humanidade. Os seus primeiros estudos pautaram uma série de publicações que delinearam o construto da teoria sobre as utopias.


Na obra seminal, o Espírito da utopia – (Geist der Utopie), o filósofo, aquecido pelo fogo das guerras e lutas europeias, pensa uma forma de alteridade social, cuja preocupação enfatiza a emergência do ser humano em triunfar sobre o cenário de alienação.
Conforme Bloch, é possível sonhar um novo amanhã, há uma consciência antecipadora do futuro que está em aberto na matéria, que ainda-não-foi concretizado, mas que é possível de ser. Entretanto, tal possibilidade, que advém de sonhos diurnos, está associada à expectativa de sua concretude e de ter confiança no amanhã. Esta expectativa se traduz no impulso necessário, para tornar real os sonhos acordados que até então eram referidos como utopias.
Segundo Furter e Albornoz, é extensa a família de filósofos que permeiam a obra de Ernst Bloch, sua revisão contempla uma andaimeria eclética em que transitam inúmeros filósofos: Aristóteles, Fiori, Bruno, Avicena, Averróis, Leibniz, Kant, Schelling, Hegel e Marx.
No conjunto de suas obras, Bloch inaugura um novo pensamento no debate filosófico, propondo que o processo de transformação do mundo pode ser resultado de uma indústria de sonhos acordados, que funcionam como estímulos capazes de reagir às carências e aos desejos do homem, constituindo-se em “utopias concretas”, elegendo a “esperança” como uma expectativa do real, isto é, o que ainda-não-é e que tem possibilidade-de-ser.
O filósofo, inspirado na ideia de transformar o mundo, encontrou na XI Tese de Marx sobre Feuerbach, na história do judaísmo, no quiliasmo, no milenarismo e nas visões messiânicas das religiões, os traços iniciais para a sua “filosofia da práxis”, identificando nos desejos oníricos, nos sonhos diurnos os elementos significativos, para conduzir a uma práxis transformadora elegendo a categoria da possibilidade condição de uma utopia concreta.
No prefácio de sua obra, o Princípio esperança, Bloch nos conduz a olhar o passado, o presente e nos convida a pertencer ao rol daqueles que, vendo a miséria, o egoísmo, a ausência de solidariedade, a desesperança, buscam, assim como o “filósofo de Tübigen”, encontrar respostas para: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Que esperamos? O que nos espera?”.

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Ernst Bloch, filósofo e conhecido mago de Tübigen, dedicou grande parte de seus estudos a pensar os movimentos utópicos que envolveram a história da humanidade. Os seus primeiros estudos pautaram uma série de publicações que delinearam o construto da teoria sobre as utopias.
Na obra seminal, o Espírito da utopia – (Geist der Utopie), o filósofo, aquecido pelo fogo das guerras e lutas europeias, pensa uma forma de alteridade social, cuja preocupação enfatiza a emergência do ser humano em triunfar sobre o cenário de alienação.
Conforme Bloch, é possível sonhar um novo amanhã, há uma consciência antecipadora do futuro que está em aberto na matéria, que ainda-não-foi concretizado, mas que é possível de ser. Entretanto, tal possibilidade, que advém de sonhos diurnos, está associada à expectativa de sua concretude e de ter confiança no amanhã. Esta expectativa se traduz no impulso necessário, para tornar real os sonhos acordados que até então eram referidos como utopias.
Segundo Furter e Albornoz, é extensa a família de filósofos que permeiam a obra de Ernst Bloch, sua revisão contempla uma andaimeria eclética em que transitam inúmeros filósofos: Aristóteles, Fiori, Bruno, Avicena, Averróis, Leibniz, Kant, Schelling, Hegel e Marx.
No conjunto de suas obras, Bloch inaugura um novo pensamento no debate filosófico, propondo que o processo de transformação do mundo pode ser resultado de uma indústria de sonhos acordados, que funcionam como estímulos capazes de reagir às carências e aos desejos do homem, constituindo-se em “utopias concretas”, elegendo a “esperança” como uma expectativa do real, isto é, o que ainda-não-é e que tem possibilidade-de-ser.
O filósofo, inspirado na ideia de transformar o mundo, encontrou na XI Tese de Marx sobre Feuerbach, na história do judaísmo, no quiliasmo, no milenarismo e nas visões messiânicas das religiões, os traços iniciais para a sua “filosofia da práxis”, identificando nos desejos oníricos, nos sonhos diurnos os elementos significativos, para conduzir a uma práxis transformadora elegendo a categoria da possibilidade condição de uma utopia concreta.
No prefácio de sua obra, o Princípio esperança, Bloch nos conduz a olhar o passado, o presente e nos convida a pertencer ao rol daqueles que, vendo a miséria, o egoísmo, a ausência de solidariedade, a desesperança, buscam, assim como o “filósofo de Tübigen”, encontrar respostas para: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Que esperamos? O que nos espera?”.

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