As reflexões sobre as Políticas de Ação Afirmativa que fazem parte deste livro mostram não só o avanço do debate sobre a realidade
da população negra brasileira, mas também apresentam elementos incontestáveis que justificam as políticas que visam a correção da histórica injustiça cometida pela classe dominante brasileira deste país com relação a quase metade de sua população, a negra.
Praticamente todos os autores desta obra apresentam dados que permitem perceber a realidade do negro no Brasil como marcada pela desigualdade que se apresenta na educação, no mercado de trabalho, no acesso à saúde e na violência à qual é sobremaneira acometida a população negra. Tudo isso travestido por um racismo cordial ou, ainda, pela defesa de uma pretensa democracia racial. Assim, quase ninguém nega a existência do racismo no Brasil; ao mesmo tempo que o amenizam e que enaltecem as vantagens da miscigenação e da democracia racial, como preâmbulo para o ataque contra qualquer iniciativa relacionada à correção das injustiças e à diminuição das desigualdades. É nesta perspectiva que Valter Roberto Silvério, Dora Lucia Bertulio e Michel Wieviorka mostram e desmascaram as facetas do racismo institucional, no qual aparece como culpado a própria vítima.
Afirmar que o racismo no Brasil é sutil, significa fechar os olhos para a crueldade a que foi historicamente submetida a população negra.
Verificam-se, então, dois mecanismos que se conjugam, traduzindo algumas das facetas do racismo brasileiro. Por um lado, temos a quase invisibilidade da questão racial. Embora os inúmeros dados demonstrativos da situação injusta e crítica vivenciada pelos negros no Brasil estivessem disponíveis há décadas, somente nos últimos anos eles foram trazidos a público, no bojo dos debates sobre a implementação de políticas de ações afirmativas, em decorrência das mito da democracia racial e na idéia de que o Brasil teria superado a escravidão e o racismo por meio de um processo de miscigenação que, por sua vez, nos teria livrado de problemas existentes apenas em outras paragens, tais como os Estados Unidos ou a África do Sul.
Desconhecer a existência de um problema é um eficaz mecanismo de evitar o seu enfrentamento. Sutilmente, basta contar com a inércia, para que se mantenha a situação de brutal desigualdade aqui descrita.
O Negro Na Universidade: O Direito À Inclusão
- Ciências Sociais, Educação
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