
Um olhar, ainda que superficial, sobre os indicadores oficiais da educação brasileira deixa a impressão de que, se ainda não atingimos uma situação desejável, estamos muito próximos disso. Essa impressão se desfaz, porém, quando se tem conhecimento dos resultados das avaliações nacionais e internacionais a que nossos estudantes são submetidos. Mais do que os baixos índices de aproveitamento, o que essas avaliações revelam é um estado de crise no sistema educacional brasileiro.
Não deixa de ser um paradoxo a utilização de expressões como “crise da educação”, “crise da leitura”, “analfabetismo funcional” para descrever o atual momento do ensino de linguagem e da leitura quando vivemos um período de tamanha profusão de estudos científicos sobre o ensino. Como explicar que, diante do atual volume de pesquisas, teorias e discussões envolvendo a linguagem e seu ensino em suas múltiplas dimensões, estejamos atravessando uma crise de leitura de tamanha proporção e com tão graves implicações sociais?
Um Nordeste Literário Em Verso E Prosa propõe um enfrentamento desse quadro de crise, focalizando a leitura literária na escola. Ao longo do texto, destaca-se a necessidade de compreensão do texto literário como fenômeno complexo, cuja abordagem, mesmo no contexto escolar, pode propiciar aos estudantes o conhecimento de si, do outro e da sociedade.
Essas propriedades já seriam mais do que suficientes para atestar a pertinência da abordagem didática do letramento literário na escola. Contudo, as análises literárias apresentadas neste texto evidenciaram que a complexidade inerente ao fenômeno literário, que deveria ser valorizada como um mecanismo e uma possibilidade de ruptura com a fragmentação do saber própria da racionalidade científica e tecnológica que caracteriza o mundo ocidental desde o positivismo, está sendo entendida pelos professores da educação básica como um fator que provoca o desinteresse dos estudantes pela leitura.
No primeiro capítulo fazemos uma leitura sobre quatro poemas do escritor Sosígenes Costa, que viveu no Sul da Bahia no período modernista brasileiro. O segundo capítulo é dedicado ao escritor Graciliano Ramos e sua literatura subterrânea; no terceiro capítulo fazemos uma leitura da obra Viva o Povo Brasileiro de João Ubaldo enquanto espaço de reescrição da cultura brasileira através da releitura dos texto fundacionais. No quarto capítulo continuamos com a obra ubaldiana mas agora com destaque especial para um diálogo entre a personagem Maria da Fé e a figura mítica de Antônio Conselheiro; e no quinto capítulo apresentamos a poética de Eurico Alves, poeta feirense que produziu em pleno modernismo brasileiro.
