Rios De Palavras

O estudo da imprensa de transição entre a Monarquia e a República no Brasil mereceu uma série de competentes estudos.
Tanto Nelson Werneck Sodré quanto Marialva Barbosa assinalaram as transformações da pequena para a grande imprensa durante o período republicano.

Nesse processo, teria adquirido maior nível de complexidade a relação entre anunciantes, jornalistas, políticos e leitores e o jornalista desenvolveu estratégias muito particulares de manipulação e publicação das informações. Segundo Sodré, esta transformação na mídia impressa caminhou lado a lado com a ascensão da burguesia – ou pelo menos de camadas urbanas vinculadas ao comércio – no Brasil. Desapareceria, dessa forma, a empresa individual jornalística para dar lugar ao empreendimento capitalista. Estas leituras, de um modo ou de outro, acompanham a interpretação habermasiana segundo a qual a imprensa artesanal diretamente vinculada ao leitor deu lugar, no mundo contemporâneo, à imprensa de grande porte com formato industrial, o que o autor chamou de “feudalismo industrial”.
Numa leitura semelhante, Lavina Madeira Ribeiro apontou o processo de modificações na imprensa do início do período republicano, sugerindo sua preocupação crescente com aspectos da vida urbana em detrimento dos grandes temas políticos comuns na imprensa monárquica. Contudo, enquanto no Rio de Janeiro estes impressos começaram a se tornar mais concentrados num modelo empresarial, na Amazônia permaneceram por mais tempo os empreendimentos artesanais.
É possível notar, inclusive, que no início do século XX há mais títulos de jornais em circulação em Manaus do que no Rio de Janeiro. Mais significativo desse processo é a transformação da discussão sobre a identidade nacional numa discussão sobre a modernização e construção das cidades, que passaram a ser as vitrines do movimento republicano. O jornal se tornava um aspecto intrínseco da cidade tecnológica e dava espaço para uma literatura propriamente urbana, como nos casos mais exemplares de Lima Barreto e João do Rio .
Na Amazônia, os jornais surgem de forma quase concomitante ao município, constituindo-se em imprensa oficial e fazendo eco às necessidades políticas dos aqui genericamente chamados coronéis.

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Tanto Nelson Werneck Sodré quanto Marialva Barbosa assinalaram as transformações da pequena para a grande imprensa durante o período republicano. Nesse processo, teria adquirido maior nível de complexidade a relação entre anunciantes, jornalistas, políticos e leitores e o jornalista desenvolveu estratégias muito particulares de manipulação e publicação das informações. Segundo Sodré, esta transformação na mídia impressa caminhou lado a lado com a ascensão da burguesia – ou pelo menos de camadas urbanas vinculadas ao comércio – no Brasil. Desapareceria, dessa forma, a empresa individual jornalística para dar lugar ao empreendimento capitalista. Estas leituras, de um modo ou de outro, acompanham a interpretação habermasiana segundo a qual a imprensa artesanal diretamente vinculada ao leitor deu lugar, no mundo contemporâneo, à imprensa de grande porte com formato industrial, o que o autor chamou de “feudalismo industrial”.
Numa leitura semelhante, Lavina Madeira Ribeiro apontou o processo de modificações na imprensa do início do período republicano, sugerindo sua preocupação crescente com aspectos da vida urbana em detrimento dos grandes temas políticos comuns na imprensa monárquica. Contudo, enquanto no Rio de Janeiro estes impressos começaram a se tornar mais concentrados num modelo empresarial, na Amazônia permaneceram por mais tempo os empreendimentos artesanais.
É possível notar, inclusive, que no início do século XX há mais títulos de jornais em circulação em Manaus do que no Rio de Janeiro. Mais significativo desse processo é a transformação da discussão sobre a identidade nacional numa discussão sobre a modernização e construção das cidades, que passaram a ser as vitrines do movimento republicano. O jornal se tornava um aspecto intrínseco da cidade tecnológica e dava espaço para uma literatura propriamente urbana, como nos casos mais exemplares de Lima Barreto e João do Rio .
Na Amazônia, os jornais surgem de forma quase concomitante ao município, constituindo-se em imprensa oficial e fazendo eco às necessidades políticas dos aqui genericamente chamados coronéis.

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