Este trabalho tem como objetivo, relacionar aspectos da vida da autora com a sua obra e, com eles fazer uma conceitualização de caso.
Florbela Espanca padeceu a vida inteira dum mal, que refere ao longo de toda a sua obra poética, o qual, os biógrafos que se debruçaram sobre a sua existência conturbada, apontaram como causa da morte.
Com base numa biografia e outros documentos sobre a poetisa, coloco uma hipótese de diagnóstico que procuro ilustrar com excertos da sua obra literária.
Florbela Espanca é a história de uma mulher poeta que não gostava de ser chamada poetisa. É a história de uma dor sem nome, avassaladora e incompreendida.
Florbela, ou Bela como lhe chamavam é uma menina nascida de uma relação extraconjugal, sendo criada pela mulher de seu pai que nunca a terá aceite. Filha bastarda, nunca foi legitimada legalmente pelo pai a não ser depois da sua morte.
Do sentimento de rejeição nasce a quimera: o sonho de ser amada incondicionalmente e uma escrita transbordante dos afetos do seu interior, uma dor sem fim. Bela persegue o sonho de ser amada até à sua morte. Casa três vezes e por três vezes encontra a desilusão e, para para agudizar o seu sofrimento, o irmão – único amor sincero que conhece – sofre um acidente de avião e morre.
Não é reconhecida como poeta e afunda-se na agonia da neurose e da depressão. Exalta a morte na sua escrita a morre aos 36 anos sem encontrar o amor perdido na infância.
O livro está dividido em três partes. A primeira com uma biografia romanceada sobre os fatos que se conhecem da vida da poetisa alentejana, uma segunda parte com um trabalho de psicanálise da origem da neurose de Florbela e uma terceira com um galeria de imagens.
As imagens das diversas fases da sua vida, e dos aspectos psicológicos relevantes para o desenvolvimento da doença fatídica, são o tema deste ensaio, baseado na teoria dinâmica/psicanalítica, que estuda os processos mentais do indivíduo, conscientes e inconscientes, nas interações com os objetos da vida real e fantasmática.