A Experiência Européia Fracassou?

A crise com que se defronta a Europa é clara. Durante
quase uma geração, a maioria dos governos nacionais
da zona do euro gastou mais do que arrecadou.

As consequências são o aumento acelerado dos níveis de endividamento e dos custos do serviço da dívida, à medida que os déficits dos países sobem a taxas superiores às do crescimento das economias. Essa dinâmica perigosa e suas consequências sociais perniciosas em nenhum lugar são mais evidentes que na Grécia, país em que a dívida pública interna se aproxima rapidamente de 200% do PIB. Como um todo, a zona do euro hoje tem dívidas de €1,1 trilhão, que vencem em 2012. E devemos encarar essas dívidas em conjunto, uma vez que as cláusulas econômicas e políticas da União Europeia impossibilitam que qualquer país, sozinho, reestruture unilateralmente sua dívida pública e continue na zona do euro.
No cerne do colapso da União Europeia, estamos testemunhando a reformulação histórica do papel do Estado moderno, em tempo real. Se a crise financeira de 2008 nos mostrou as falhas inerentes ao modelo de mercado de capitais dos Estados Unidos, a crise da zona do euro está demonstrando os limites do Estado de bem-estar social, altamente alavancado.
Ao enfrentarem essas crises, os cidadãos da América do Norte e da Europa estão lutando para reimaginar o que seus governos podem e precisam fazer. De que poderes devem dispor? Quanto devem gastar? E como devemos traçar as linhas de responsabilidade e prestação de contas entre cidadãos, Estado, autoridades eleitas e instituições transnacionais cada vez mais poderosas? De mais a mais, tudo isso está acontecendo em um período de incerteza política e de inquietação social crescentes.
Essas questões são o pano de fundo do nono Debate Munk semestral, realizado no Roy Thomson Hall, em Toronto, sexta-feira, 25 de maio de 2012, diante de um público de 2.700 pessoas, com outras 3 mil assistindo on-line. A resolução da noite, "Conclui-se que a experiência europeia fracassou", suscitou nosso debate mais caloroso, eu ousaria dizer nosso debate mais emocional, até a presente data. Nossos debatedores estão, cada um, profundamente imersos no destino ainda incerto do projeto europeu, o que trouxe consequências imediatas para a discussão da noite.
Quatro debatedores excepcionais se reuniram para tratar desse tema crítico. Em favor da resolução, argumentaram Niall Ferguson, historiador econômico, Josef Joffe, editor e publisher alemão. Contra a resolução, retrucaram Daniel Cohn-Bendit, parlamentar da União Europeia, e Lord Peter Mandelson, ex-comissário da União Europeia.

  

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

A Experiência Européia Fracassou?

A crise com que se defronta a Europa é clara. Durante
quase uma geração, a maioria dos governos nacionais
da zona do euro gastou mais do que arrecadou. As consequências são o aumento acelerado dos níveis de endividamento e dos custos do serviço da dívida, à medida que os déficits dos países sobem a taxas superiores às do crescimento das economias. Essa dinâmica perigosa e suas consequências sociais perniciosas em nenhum lugar são mais evidentes que na Grécia, país em que a dívida pública interna se aproxima rapidamente de 200% do PIB. Como um todo, a zona do euro hoje tem dívidas de €1,1 trilhão, que vencem em 2012. E devemos encarar essas dívidas em conjunto, uma vez que as cláusulas econômicas e políticas da União Europeia impossibilitam que qualquer país, sozinho, reestruture unilateralmente sua dívida pública e continue na zona do euro.
No cerne do colapso da União Europeia, estamos testemunhando a reformulação histórica do papel do Estado moderno, em tempo real. Se a crise financeira de 2008 nos mostrou as falhas inerentes ao modelo de mercado de capitais dos Estados Unidos, a crise da zona do euro está demonstrando os limites do Estado de bem-estar social, altamente alavancado.
Ao enfrentarem essas crises, os cidadãos da América do Norte e da Europa estão lutando para reimaginar o que seus governos podem e precisam fazer. De que poderes devem dispor? Quanto devem gastar? E como devemos traçar as linhas de responsabilidade e prestação de contas entre cidadãos, Estado, autoridades eleitas e instituições transnacionais cada vez mais poderosas? De mais a mais, tudo isso está acontecendo em um período de incerteza política e de inquietação social crescentes.
Essas questões são o pano de fundo do nono Debate Munk semestral, realizado no Roy Thomson Hall, em Toronto, sexta-feira, 25 de maio de 2012, diante de um público de 2.700 pessoas, com outras 3 mil assistindo on-line. A resolução da noite, “Conclui-se que a experiência europeia fracassou”, suscitou nosso debate mais caloroso, eu ousaria dizer nosso debate mais emocional, até a presente data. Nossos debatedores estão, cada um, profundamente imersos no destino ainda incerto do projeto europeu, o que trouxe consequências imediatas para a discussão da noite.
Quatro debatedores excepcionais se reuniram para tratar desse tema crítico. Em favor da resolução, argumentaram Niall Ferguson, historiador econômico, Josef Joffe, editor e publisher alemão. Contra a resolução, retrucaram Daniel Cohn-Bendit, parlamentar da União Europeia, e Lord Peter Mandelson, ex-comissário da União Europeia.

  

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog