Outras Inquisições

Jorge Luís Borges - Outras Inquisições

Coletânea de ensaios publicados em revistas e jornais argentinos entre 1936 e 1952, Outras Inquisições é uma miscelânea bem ao gosto de Borges: uma reunião aparentemente arbitrária de textos, sem preocupação com rigor metodológico ou com um propósito deliberado (sem excluir, no entanto, simetrias secretas).

Uma trama literária, uma divagação imaginativa sobre determinada etimologia, uma frase peculiar de uma obra esquecida de uma cultura remota, uma lembrança idiossincrática de um evento histórico, uma metáfora curiosa, uma anedota, tudo serve para inspirar Borges de forma inesperada para compor digressões eruditas e curtas sobre temas essenciais da tradição do pensamento ocidental: o tempo, a morte, a natureza da literatura, o sentido da história.

Mas Borges está longe do sisudo padrão da exegese acadêmica, preferindo entregar-se ao jogo livre e irônico de suas hipóteses, dos juízos de valor caprichosos, dos paradoxos inesperados, da perspectiva insólita sobre temas da literatura e da filosofia, em que o tempo e o infinito se destacam como motivos centrais.

O estilo narrativo e o caráter imaginoso da inquirição intelectual aproximam muitos destes ensaios do conto e dão, às vezes, a impressão de material disponível para a ficção ou de um texto de gênero ambíguo ou híbrido, mas sempre sugestivo e estimulante, em que as figuras do pensamento são também figuras da imaginação.

O título,Outras Inquisições, em que ecoa a etimologia esquecida do termo e a sinistra instituição das fogueiras punitivas, tinha um certo ar de provocação, em época de ditadura peronista, embora remetesse também a Inquisições, o primeiro livro de ensaios que publicou, em 1925, e renegou depois.

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1899, e faleceu em Genebra, em 14 de junho de 1986. Antes de falar espanhol, aprendeu com a avó paterna a língua inglesa, idioma em que fez suas primeiras leituras.

Em 1914 foi com a família para a Suíça, onde completou os estudos secundários. Em 1919, nova mudança - agora para a Espanha. Lá, ligou-se ao movimento de vanguarda literária do ultraísmo.

De volta à Argentina, publicou três livros de poesia na década de 1920 e, a partir da década seguinte, os contos que lhe dariam fama universal, quase sempre na revista Sur, que também editaria seus livros de ficção.

Funcionário da Biblioteca Municipal Miguel Cané a partir de 1937, dela foi afastado em 1946 por Perón. Em 1955 seria nomeado diretor da Biblioteca Nacional. Em 1956, quando passou a lecionar literatura inglesa e americana na Universidade de Buenos Aires, os oftalmologistas já o tinham proibido de ler e escrever.

Era a cegueira, que se instalava como um lento crepúsculo. Seu imenso reconhecimento internacional começou em 1961, quando recebeu, junto com Samuel Beckett, o prêmio Formentor dos International Publishers - o primeiro de uma longa série.

 

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Jorge Luís Borges – Outras Inquisições

Coletânea de ensaios publicados em revistas e jornais argentinos entre 1936 e 1952, Outras Inquisições é uma miscelânea bem ao gosto de Borges: uma reunião aparentemente arbitrária de textos, sem preocupação com rigor metodológico ou com um propósito deliberado (sem excluir, no entanto, simetrias secretas).

Uma trama literária, uma divagação imaginativa sobre determinada etimologia, uma frase peculiar de uma obra esquecida de uma cultura remota, uma lembrança idiossincrática de um evento histórico, uma metáfora curiosa, uma anedota, tudo serve para inspirar Borges de forma inesperada para compor digressões eruditas e curtas sobre temas essenciais da tradição do pensamento ocidental: o tempo, a morte, a natureza da literatura, o sentido da história.

Mas Borges está longe do sisudo padrão da exegese acadêmica, preferindo entregar-se ao jogo livre e irônico de suas hipóteses, dos juízos de valor caprichosos, dos paradoxos inesperados, da perspectiva insólita sobre temas da literatura e da filosofia, em que o tempo e o infinito se destacam como motivos centrais.

O estilo narrativo e o caráter imaginoso da inquirição intelectual aproximam muitos destes ensaios do conto e dão, às vezes, a impressão de material disponível para a ficção ou de um texto de gênero ambíguo ou híbrido, mas sempre sugestivo e estimulante, em que as figuras do pensamento são também figuras da imaginação.

O título,Outras Inquisições, em que ecoa a etimologia esquecida do termo e a sinistra instituição das fogueiras punitivas, tinha um certo ar de provocação, em época de ditadura peronista, embora remetesse também a Inquisições, o primeiro livro de ensaios que publicou, em 1925, e renegou depois.

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1899, e faleceu em Genebra, em 14 de junho de 1986. Antes de falar espanhol, aprendeu com a avó paterna a língua inglesa, idioma em que fez suas primeiras leituras.

Em 1914 foi com a família para a Suíça, onde completou os estudos secundários. Em 1919, nova mudança – agora para a Espanha. Lá, ligou-se ao movimento de vanguarda literária do ultraísmo.

De volta à Argentina, publicou três livros de poesia na década de 1920 e, a partir da década seguinte, os contos que lhe dariam fama universal, quase sempre na revista Sur, que também editaria seus livros de ficção.

Funcionário da Biblioteca Municipal Miguel Cané a partir de 1937, dela foi afastado em 1946 por Perón. Em 1955 seria nomeado diretor da Biblioteca Nacional. Em 1956, quando passou a lecionar literatura inglesa e americana na Universidade de Buenos Aires, os oftalmologistas já o tinham proibido de ler e escrever.

Era a cegueira, que se instalava como um lento crepúsculo. Seu imenso reconhecimento internacional começou em 1961, quando recebeu, junto com Samuel Beckett, o prêmio Formentor dos International Publishers – o primeiro de uma longa série.

 

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