As Pulsões E Seus Destinos

Os artigos de As Pulsões E Seus Destinos trabalham hipóteses teóricas que permitem fundamentar a psicanálise como novo campo do saber.

As Pulsões E Seus Destinos aborda o primeiro ensaio da chamada “metapsicologia” freudiana, conjunto de artigos composto por “Luto E Melancolia”, “O Recalque”, “O Inconsciente” e “Complemento Metapsicológico À Teoria Dos Sonhos”.

Esses artigos trabalham hipóteses teóricas que permitem fundamentar a psicanálise como novo campo do saber. Em As Pulsões E Seus Destinos, por exemplo, Freud trabalha um dos conceitos fundamentais a partir do qual se erguerá a teoria psicanalítica.

Como escreve Joel Birman, as afirmações de Freud nesse artigo transformaram-se praticamente em axiomas da teoria.

Freud apresenta a pulsão como um conceito-limite, algo que reside na fronteira entre o que é próprio do corpo, o somático, e o que é da alma, o psíquico.

A pulsão é um representante psíquico de estímulos corporais; é uma exigência de trabalho psíquico decorrente da ligação entre o corpo e a alma. A pulsão para Freud é uma espécie de “prima” do que a biologia denomina genericamente “instinto”, mas, diferentemente deste, afasta o homem da mera possibilidade de satisfação direta das suas necessidades fisiológicas, bem como do encontro com objetos da realidade externa que se encaixem perfeitamente a suas demandas internas.

Os destinos possíveis da pulsão — a transformação em seu contrário, o retorno sobre a própria pessoa, o recalque e a sublimação —, podemos dizer, tornam o caminho do homem em direção à satisfação de suas necessidades muito menos óbvio do que o caminho de nossos “irmãos” animais.

A natureza da pulsão dá ao homem, em sua lida diária em busca do prazer e na fuga do desprazer, uma plasticidade de limites muito extensos. Só o homem, no reino animal, faz greve de fome e voto de castidade, por exemplo.

Além disso, conforme Freud ensinou de diversas maneiras ao longo de sua obra, o ser humano é marcado por um dualismo pulsional incontornável. Esta elaboração alcançará seu ápice em Além do princípio do prazer, de 1920, texto em que Freud trata da relação entre as pulsões de vida e a pulsão de morte.

O termo alemão Trieb, usado por Freud nesse texto, é um dos que geraram mais polêmica em torno de sua tradução, na medida em que a opção por um ou outro termo implica diferentes leituras do texto.

Ingleses e americanos optaram, em geral, por instinct (instinto), no que foram seguidos pela tradução brasileira da Standard Edition inglesa. No entanto, a grande influência da psicanálise francesa (especificamente a dos seguidores de Jacques Lacan) no Brasil fez com que, a despeito da tradução da Standard Edition inglesa, na linguagem corrente dos psicanalistas brasileiros — e em traduções mais recentes — o termo oriundo da tradução francesa “pulsão” (pulsion) fosse adotado.

No momento em que a obra de Freud entra em domínio público (2010), certamente essas discussões ganharão fôlego renovado.

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Como escreve Joel Birman, as afirmações de Freud nesse artigo transformaram-se praticamente em axiomas da teoria.

Freud apresenta a pulsão como um conceito-limite, algo que reside na fronteira entre o que é próprio do corpo, o somático, e o que é da alma, o psíquico.

A pulsão é um representante psíquico de estímulos corporais; é uma exigência de trabalho psíquico decorrente da ligação entre o corpo e a alma. A pulsão para Freud é uma espécie de “prima” do que a biologia denomina genericamente “instinto”, mas, diferentemente deste, afasta o homem da mera possibilidade de satisfação direta das suas necessidades fisiológicas, bem como do encontro com objetos da realidade externa que se encaixem perfeitamente a suas demandas internas.

Os destinos possíveis da pulsão — a transformação em seu contrário, o retorno sobre a própria pessoa, o recalque e a sublimação —, podemos dizer, tornam o caminho do homem em direção à satisfação de suas necessidades muito menos óbvio do que o caminho de nossos “irmãos” animais.

A natureza da pulsão dá ao homem, em sua lida diária em busca do prazer e na fuga do desprazer, uma plasticidade de limites muito extensos. Só o homem, no reino animal, faz greve de fome e voto de castidade, por exemplo.

Além disso, conforme Freud ensinou de diversas maneiras ao longo de sua obra, o ser humano é marcado por um dualismo pulsional incontornável. Esta elaboração alcançará seu ápice em Além do princípio do prazer, de 1920, texto em que Freud trata da relação entre as pulsões de vida e a pulsão de morte.

O termo alemão Trieb, usado por Freud nesse texto, é um dos que geraram mais polêmica em torno de sua tradução, na medida em que a opção por um ou outro termo implica diferentes leituras do texto.

Ingleses e americanos optaram, em geral, por instinct (instinto), no que foram seguidos pela tradução brasileira da Standard Edition inglesa. No entanto, a grande influência da psicanálise francesa (especificamente a dos seguidores de Jacques Lacan) no Brasil fez com que, a despeito da tradução da Standard Edition inglesa, na linguagem corrente dos psicanalistas brasileiros — e em traduções mais recentes — o termo oriundo da tradução francesa “pulsão” (pulsion) fosse adotado.

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