Discurso Sobre A Origem E Os Fundamentos Da Desigualdade Entre Os Homens

No balanço autobiográfico das Confissões, Rousseau relata que, em 1753, ao tomar conhecimento do programa lançado pela Academia de Dijon propondo um prêmio a quem melhor respondesse à questão sobre “qual a fonte da desigualdade entre homens e se ela é autorizada pela lei natural”

, sentiu-se perplexo, tocado pela grandeza da questão, bem como pela ousadia da instituição que publicamente a lançara.
E imediatamente acrescentou: “mas já que ela tivera essa coragem, eu bem podia ter a de discuti-la, e pus-me à obra.”.
Foi dessa disposição que resultou sem tardança a redação do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, conhecido como o Segundo discurso, o qual, concluído em junho de 1754, foi publicado no ano seguinte, por Marc-Michel Rey, livreiro e editor em Amsterdã.
A despeito de que o ensaio não tenha ganho o prêmio e que as atas da Academia de Dijon registrem que ele nem mesmo teve “sua leitura concluída em razão de sua extensão e de sua má tradição”, não há risco de exagero em afirmar que esta foi e é uma obra de importância histórica absolutamente maior, decisivamente conformadora do imaginário social moderno, referência fundamental da cultura política em que até hoje vivemos.
Com essa declaração não se faz referência a fatos como o registrado por Claude Lévi-Strauss, para o qual Rousseau “foi o criador da etnologia (...) ciência que ele concebeu, cuja existência desejou e que anunciou um bom século antes que ela fizesse sua aparição no mundo”.
Nem propriamente a avaliações como a de Cassirer de que “a doutrina de Rousseau não é objeto de mera curiosidade acadêmica”, sendo antes “um meio inteiramente contemporâneo de considerar problemas”, de sorte que “seu conteúdo não perdeu nada de sua atualidade.”
Na verdade, ao afirmarmos a importância absolutamente ímpar do Ensaio temos em vista fenômenos ideológicos de uma outra profundidade, relacionados com o papel central cumprido por esta obra com relação às duas grandes matrizes do pensamento cultural e político que vieram a constituir a dimensão crítica da época moderna.

  

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No balanço autobiográfico das Confissões, Rousseau relata que, em 1753, ao tomar conhecimento do programa lançado pela Academia de Dijon propondo um prêmio a quem melhor respondesse à questão sobre “qual a fonte da desigualdade entre homens e se ela é autorizada pela lei natural”, sentiu-se perplexo, tocado pela grandeza da questão, bem como pela ousadia da instituição que publicamente a lançara.
E imediatamente acrescentou: “mas já que ela tivera essa coragem, eu bem podia ter a de discuti-la, e pus-me à obra.”.
Foi dessa disposição que resultou sem tardança a redação do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, conhecido como o Segundo discurso, o qual, concluído em junho de 1754, foi publicado no ano seguinte, por Marc-Michel Rey, livreiro e editor em Amsterdã.
A despeito de que o ensaio não tenha ganho o prêmio e que as atas da Academia de Dijon registrem que ele nem mesmo teve “sua leitura concluída em razão de sua extensão e de sua má tradição”, não há risco de exagero em afirmar que esta foi e é uma obra de importância histórica absolutamente maior, decisivamente conformadora do imaginário social moderno, referência fundamental da cultura política em que até hoje vivemos.
Com essa declaração não se faz referência a fatos como o registrado por Claude Lévi-Strauss, para o qual Rousseau “foi o criador da etnologia (…) ciência que ele concebeu, cuja existência desejou e que anunciou um bom século antes que ela fizesse sua aparição no mundo”.
Nem propriamente a avaliações como a de Cassirer de que “a doutrina de Rousseau não é objeto de mera curiosidade acadêmica”, sendo antes “um meio inteiramente contemporâneo de considerar problemas”, de sorte que “seu conteúdo não perdeu nada de sua atualidade.”
Na verdade, ao afirmarmos a importância absolutamente ímpar do Ensaio temos em vista fenômenos ideológicos de uma outra profundidade, relacionados com o papel central cumprido por esta obra com relação às duas grandes matrizes do pensamento cultural e político que vieram a constituir a dimensão crítica da época moderna.

  

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