Como Se Estivéssemos Em Palimpsesto De Putas

Dois estranhos se encontram num verão escaldante no Rio de Janeiro. Ela é uma designer em busca de trabalho, ele foi contratado para informatizar uma editora moribunda. O acaso junta os protagonistas numa sala, onde dia após dia ele relata a ela seus encontros frequentes com prostitutas.

Ela mais ouve do que fala, enquanto preenche na cabeça as lacunas daquela narrativa.
Uma das grandes escritoras brasileiras da atualidade, Elvira Vigna parte desse esqueleto para criar um poderoso jogo literário de traições e insinuações, um livro sobre relacionamentos, poder, mentiras e imaginação.

Elvira Vigna é escritora e desenhista. Nasceu em 1947, no Rio de Janeiro, e atualmente mora em São Paulo. É mestre em comunicação pela UFRJ. Dela, a Companhia das Letras publicou, entre outros livros, Deixei ele lá e vim, O que deu para fazer em matéria de história de amor e Por escrito, um dos vencedores do prêmio Oceanos de melhor romance.

Está escuro e tenho frio nas pernas. No entanto, é verão. Outra vez. Deve ser psicológico. Perna psicológica.
Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi assim mesmo.
(E posso dizer a mesma coisa de outras histórias, dessas que às vezes conto.)
Lola e João.
Acaba de acabar.
Então é isso. Verão outra vez, Rio de Janeiro outra vez, e vou começar.
Pelo casamento.
O casamento.
É o começo mais fácil que consigo arranjar.
Aquele negócio de sempre. Tule, glacê.
E muita emoção aqui para o fotógrafo.
Depois, o que resta é um álbum, a prova tipográfica do convite, uma bala de coco no papel de seda dentro de uma gaveta qualquer. Parece que não tem problema, açúcar é conservante. Dura cem anos sem estragar.
Não durou.
Lola abre a gaveta, olha por uma última vez assim de cima, sem pegar. Aí pega e leva, com a mão mesmo, sem se preocupar em botar tudo num saco, em arranjar algo que cubra aquilo tudo. Pudores, discrição. Não. Pega tudo, tudinho, solto mesmo, e joga na lixeira do prédio. Solto, lá, em queda livre, uuuuuuu, até lá embaixo, suicídios individuais embora no coletivo. De propósito. Para misturar com casca de laranja, jornal do xixi do cachorro e ninguém ver. Ninguém nunca mais ver.

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Dois estranhos se encontram num verão escaldante no Rio de Janeiro. Ela é uma designer em busca de trabalho, ele foi contratado para informatizar uma editora moribunda. O acaso junta os protagonistas numa sala, onde dia após dia ele relata a ela seus encontros frequentes com prostitutas. Ela mais ouve do que fala, enquanto preenche na cabeça as lacunas daquela narrativa.
Uma das grandes escritoras brasileiras da atualidade, Elvira Vigna parte desse esqueleto para criar um poderoso jogo literário de traições e insinuações, um livro sobre relacionamentos, poder, mentiras e imaginação.

Elvira Vigna é escritora e desenhista. Nasceu em 1947, no Rio de Janeiro, e atualmente mora em São Paulo. É mestre em comunicação pela UFRJ. Dela, a Companhia das Letras publicou, entre outros livros, Deixei ele lá e vim, O que deu para fazer em matéria de história de amor e Por escrito, um dos vencedores do prêmio Oceanos de melhor romance.

Está escuro e tenho frio nas pernas. No entanto, é verão. Outra vez. Deve ser psicológico. Perna psicológica.
Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi assim mesmo.
(E posso dizer a mesma coisa de outras histórias, dessas que às vezes conto.)
Lola e João.
Acaba de acabar.
Então é isso. Verão outra vez, Rio de Janeiro outra vez, e vou começar.
Pelo casamento.
O casamento.
É o começo mais fácil que consigo arranjar.
Aquele negócio de sempre. Tule, glacê.
E muita emoção aqui para o fotógrafo.
Depois, o que resta é um álbum, a prova tipográfica do convite, uma bala de coco no papel de seda dentro de uma gaveta qualquer. Parece que não tem problema, açúcar é conservante. Dura cem anos sem estragar.
Não durou.
Lola abre a gaveta, olha por uma última vez assim de cima, sem pegar. Aí pega e leva, com a mão mesmo, sem se preocupar em botar tudo num saco, em arranjar algo que cubra aquilo tudo. Pudores, discrição. Não. Pega tudo, tudinho, solto mesmo, e joga na lixeira do prédio. Solto, lá, em queda livre, uuuuuuu, até lá embaixo, suicídios individuais embora no coletivo. De propósito. Para misturar com casca de laranja, jornal do xixi do cachorro e ninguém ver. Ninguém nunca mais ver.

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