
Há milhares de anos, ainda antes de saberem escrever, os homens se reuniam em volta da fogueira e contavam histórias. Eram relatos sobre o que acontecia com eles ou com os animais em suas aventuras do dia-a-dia. Sempre tinha alguém para contar algo e alguém para ouvir com atenção. E aqueles que ouviam sempre acrescentavam uma coisa aqui e outra acolá. Como já diziam antigamente: quem conta um conto, aumenta um ponto.
Com o passar do tempo, os homens aprenderam a escrever e passaram a registrar as histórias que contavam ou ouviam, por meio de tabuletas de barro, pergaminhos, papiros e, posteriormente, papel.
O homem sempre gostou de contar suas histórias, seja em prosa, seja em verso, nas feiras, mercados, festas de ruas ou das casas. Eles continuam contando histórias que ouviram dos pais, nas varandas das casas e nos meios-fios das calçadas. Como fazia seu Absolon, em noites quentes e tardes chuvosas, na varanda da minha infância, em Cruzeiro do Sul, na beira do rio Juruá, no Acre, onde começa o Brasil, conforme dizia a minha avó.
São os contadores de histórias e declamadores que passam para as crianças e jovens as diversas expressões da tradição oral. Há outros que recolhem as histórias que ouviram e as recontam em livros, como faz a escritora catarinense Eloí neste delicioso Batata Cozida, Mingau De Cará.
O ótimo Marinheiro nos faz lembrar de histórias e músicas já ouvidas. No último verso, Eloí nos remete a Fernando Pessoa, um grande poeta da língua portuguesa, que escreveu em um poema: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
Para ilustrarBatata Cozida, Mingau De Cará, a artista Tati Rivoire produziu desenhos em estilo xilogravura popular, que remetem o leitor para a literatura de cordel.
O processo de criação consistiu em desenhar com lápis de grafite sobre papel à mão livre. Depois, as imagens foram digitalizadas e o desenho foi finalizado e colorido no computador.
O resultado são oito ilustrações que conduzem o leitor por uma viagem pela tradição oral. As imagens complementam a ideia transmitida pelos versos. O lirismo da moça casadoira das Trovinhas, da lavadeira de Lava-lava e do cavalo-alado de Um jogo; o humor de A cutia e de Marinheiro, a singeleza de Beija-flor, de Esta Noite e de Jardineiro propiciam uma experiência singular.

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