É corriqueiro que nós, os estudiosos da retórica e das teorias da argumentação, insistamos nas virtudes de se retomar a discussão dos mecanismos de persuasão, que brademos contra o desprezo com qual muitas vezes a palavra retórica é utilizada para reforçar estereótipos pejorativos herdados de uma cultura fundada na impressão de que é possível usar a palavra com apoio apenas e tão somente nos mecanismos puros da racionalidade.
Quiçá seja possível, nessa compreensão, controlar ou banir todos os elementos emotivos de nossos discursos, frequentemente considerados como disfuncionais ou disruptivos.
O sonho dourado de um pensamento antirretórico seria um discurso no qual a retórica não cumprisse nenhum papel. Livres do perigo que a sedução da palavra poderia importar, nossos discursos seriam sempre expressões do evidente, do correto e do logicamente demonstrável.
Ensaios De Retórica Forense Vol. II apresenta um conjunto consistente de análises que, se partem dos conceitos clássicos da retórica, não se esgotam nela e quando os utilizam, iluminam espaços importantes do modo de construção dos discursos judiciais.
Usando uma vasta amostra de problemas jurídicos e percorrendo uma bibliografia de excelência como ponto de partida para as análises, os capítulos, cada um a seu modo e em seu estilo, reafirmam a importância da atenção ao momento discursivo e persuasivo do discurso judicial.
Ensaios De Retórica Forense Vol. II cumpre, portanto, duas importantes funções: retomar o papel dos conceitos da retórica no discurso forense e atualizar o seu uso pela demonstração prática de como fazê-lo e de quais os resultados se pode obter a partir de tais utilizações.
O espírito da retórica, essa velha companheira do pensamento ocidental, tão frequentemente usada sem que se faça jus a suas contribuições, aparece aqui em seu potencial criativo, tão bem expresso por Eduardo Scarparo no seu capítulo introdutório ao salientar o papel da inventio.
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