
Desde cedo, como ouvintes, ou mais tarde, como leitores, flertamos com narrativas que provocam medo. No dia a dia procuramos evitar essa consciência do perigo, mas através da ficção nos aproximamos e vivemos essa experiência, sabendo que estamos protegidos de todo o mal.
Ao posicionar o leitor diante de enredos, personagens e ambientes diversos, a literatura ao mesmo tempo desafia e conforta o leitor, pois quando lemos uma história de horror nos confrontamos com o assustador prestes a acontecer e, sabendo disso, podemos simplesmente fechar o livro e acabar com a angústia. Ou, frente à provocação, o leitor decide continuar para ver como a história vai acabar.
Os seis contos de A Causa Secreta E Outros Contos De Horror passeiam pela tradição e lançam mão de variados recursos do gênero. Alberto Manguel, no texto de apresentação do livro Contos de horror do século XIX, recupera a definição da escritora gótica Ann Radcliffe: “o terror e o horror possuem características tão claramente opostas que um dilata a alma e suscita uma atividade intensa de todas as nossas faculdades, enquanto o outro as contrai, congela-as e de alguma maneira as aniquila. Nem Shakespeare nem Milton em suas ficções, nem Mr. Burke em suas reflexões, buscaram no horror puro uma das fontes do sublime. Onde situar, então, essa importante diferença entre terror e horror senão no fato de que este último se faz acompanhar de um sentimento de obscura incerteza em relação ao mal que tanto teme?”.
A distinção é um tanto tênue, sendo comum encontrarmos nomes diferentes querendo dizer o mesmo com o termo horror ou terror;
O mais importante é que os autores reunidos em A Causa Secreta E Outros Contos De Horror destacam-se por serem os mais representativos do gênero. Do precursor Edgar Allan Poe, que apresenta a atmosfera aristocrática que emana das abadias do príncipe Próspero, personagem do conto “A máscara da Morte Rubra”, passando pela crueldade psicológica de Fortunato, em “A causa secreta”, de Machado de Assis; a morte surpreendente de Elias, um cientificista que sofre a vingança de um bicho, no caso uma gata, no conto “A selvagem”, do irlandês Bram Stoker, nome fundamental da mais famosa história de vampiro, Drácula (1897). E ainda “A mão” do francês Guy de Maupassant, “O rapa-carniça” de Robert Louis Stevenson e “O cirurgião de Gaster Fell”, do também escocês Arthur Conan Doyle. Todas as histórias aproximam o leitor do obscuro e do indizível que a literatura pretende traduzir em palavras.











