
Itabira, uma Cidade do interior de Minas Gerais, distante cerca de 110 Km da Capital Belo Horizonte, teve início ao seu povoamento com a descoberta do ouro, no início do século XVIII. Adotou-se o ano de 1720 como o ano de sua fundação, quando os dois irmãos bandeirantes paulistas, em busca de ouro, avistaram ao longe um pico que brilhava, maravilhados, seguiram em direção a ele, e o chamaram de “pico Itabira”, que, na língua tupi, significa pedra (ita) que brilha (byra), e, nos rios próximos ao pico, eles encontraram o ouro.
As poesias deste livro, foram escritas por Carlos Drummond de Andrade a partir de lembranças, da época de sua infância que passou em Itabira, época em que era
simplesmente Carlito. Apresenta-se a seguir, a infância do poeta contada por meio de seus poemas.
Carlito, como era conhecido Drummond na sua infância, era um menino muito curioso, gostava muito de ler e anotava tudo que lhe acontecia. Observa-se que o letramento e a leitura são básicos para a formação das pessoas.
Naquela época as condições de higiene e o atendimento médico nas regiões distantes dos grandes centros era mais precária. A mortalidade infantil era grande. O menino Carlito é um dos sobreviventes: perdeu oito irmãos restando apenas seis. Drummond que tinha o hábito de registrar tudo que lhe acontecia em cadernetas, anotava quanto tempo cada irmão viveu.
As lembranças da época são muito fortes na mente do poeta. De sua irmã caçula, que era o xodó da família ele escreve uns versinhos, e, em uma entrevista publicada na “Revista Caros Amigos” Drummond diz: “São uns versinhos que fiz para um livro de memórias infantis em que eu me referia a pessoas da minha família e pessoas das relações, de pessoas que constituíam o mundo de Itabira, pequeno mundo de Itabira”. E este é referente à minha irmã, Maria das Dores, a minha irmã caçula, que era o ai-jesus da família. Meus pais tinham por ela um encantamento especial. Era uma garota muito bonita, como foi também uma moça muito bonita, já morreu.
