Os Dragões Não Conhecem O Paraíso

Os Dragões Não Conhecem O Paraíso - Um livro com 13 histórias independentes, girando sempre em torno de um mesmo tema: amor.

Numa espécie de boas-vindas a Os Dragões Não Conhecem O Paraíso, Caio Fernando Abreu nos fornece um leque de possibilidades de leitura para este livro vencedor do prêmio Jabuti em 1988:

“Se o leitor quiser, este pode ser um livro de contos. Um livro com 13 histórias independentes, girando sempre em torno de um mesmo tema: amor.

Amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o leitor também quiser, este pode ser uma espécie de romance-móbile.

Um romance desmontável, onde essas 13 peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas às outras, para formarem uma espécie de todo. Aparentemente fragmentado, mas de algum modo — suponho — completo.”

Pode-se pensar que Caio Fernando Abreu é um escritor muito triste. Talvez ele mesmo pense assim. De fato, o mundo captado por suas ficções está tomado pela repetição e pela maldade.

Seus personagens não suportam a ambiguidade, então se refugiam em fachadas estáveis mas um tanto gélidas, esquisitos simulacros do homem. A Professora Secundária Recuperando-se do Amargo Desquite, o Escritor que Conseguiu Mais Sucesso na Itália que no Brasil, o Jogador de Basquete em Busca de uma Vida Mais Natural, vultos que passam na narrativa, perderam suas almas pelo caminho, resta-lhes apenas uma embalagem de existência.

Uma leitura mais atenta de Os Dragões Não Conhecem O Paraíso pode conduzir o leitor, porém, a algo que fica além desta tristeza. É uma estranha alegria que dói.

Caio não é um escritor meticuloso. Talvez nem estabeleça limite entre o impulso e a ficção. Não importa. Só leitores pedantes, como se estivessem diante de uma nova grife, podem supor que a literatura é uma questão de estilo. Não é, e Caio prova isso.

Ele trabalha mais pelo derramamento que pela elaboração. Anota golfadas de sentimentos, impressões dilaceradas, e lhes aplica o status de ficção como um disfarce.

Seu texto não suporta ser apenas isso: texto.

Não é estranho que os 13 contos de Os Dragões Não Conhecem O Paraíso possam ser lidos, se o leitor preferir, como um só romance. Os personagens são intercambiáveis. Invólucros descartáveis do mesmo vazio. Os enredos são ocos, não chegam a lugar algum. A ficção quer ser realista justo porque sabe que isto é impossível.

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“Se o leitor quiser, este pode ser um livro de contos. Um livro com 13 histórias independentes, girando sempre em torno de um mesmo tema: amor.

Amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o leitor também quiser, este pode ser uma espécie de romance-móbile.

Um romance desmontável, onde essas 13 peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas às outras, para formarem uma espécie de todo. Aparentemente fragmentado, mas de algum modo — suponho — completo.”

Pode-se pensar que Caio Fernando Abreu é um escritor muito triste. Talvez ele mesmo pense assim. De fato, o mundo captado por suas ficções está tomado pela repetição e pela maldade.

Seus personagens não suportam a ambiguidade, então se refugiam em fachadas estáveis mas um tanto gélidas, esquisitos simulacros do homem. A Professora Secundária Recuperando-se do Amargo Desquite, o Escritor que Conseguiu Mais Sucesso na Itália que no Brasil, o Jogador de Basquete em Busca de uma Vida Mais Natural, vultos que passam na narrativa, perderam suas almas pelo caminho, resta-lhes apenas uma embalagem de existência.

Uma leitura mais atenta de Os Dragões Não Conhecem O Paraíso pode conduzir o leitor, porém, a algo que fica além desta tristeza. É uma estranha alegria que dói.

Caio não é um escritor meticuloso. Talvez nem estabeleça limite entre o impulso e a ficção. Não importa. Só leitores pedantes, como se estivessem diante de uma nova grife, podem supor que a literatura é uma questão de estilo. Não é, e Caio prova isso.

Ele trabalha mais pelo derramamento que pela elaboração. Anota golfadas de sentimentos, impressões dilaceradas, e lhes aplica o status de ficção como um disfarce.

Seu texto não suporta ser apenas isso: texto.

Não é estranho que os 13 contos de Os Dragões Não Conhecem O Paraíso possam ser lidos, se o leitor preferir, como um só romance. Os personagens são intercambiáveis. Invólucros descartáveis do mesmo vazio. Os enredos são ocos, não chegam a lugar algum. A ficção quer ser realista justo porque sabe que isto é impossível.

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