
Na busca de dialogar criticamente no campo educacional, emerge um triplo desafio ao se investigar o que está sendo, o que não é e o que poderia ser. Sob uma perspectiva que milita pela transformação social e pela emancipação, fundar-se na crítica em tempos singulares derivados de uma crise social, econômica e política que se soma à crise sanitária, a Educação continua sendo um fator contraditório pela sua possibilidade de alienação e pela potencialidade de compreensão/intervenção na realidade.
As desigualdades sociais se manifestam na educação de forma violenta ao colocar condições extremamente adversas para o diálogo, a humanização e a transformação social. E, também, essas desigualdades estruturam condições adversas para o encontro de sujeitos em formação sejam eles educadores/as, sejam educandos/as.
A precarização das condições deve ser cotidianamente denunciada e ir da indignação à ação objetivando a qualidade social da escola. Em tempos de pandemia, as condições precarizadas já transpareceram para toda a sociedade brasileira. As desigualdades não podem ser, cinicamente, naturalizadas como se não houvesse alternativas. Como se o presente de exclusão fosse uma fatalidade a se repetir.
Nesse contexto, pensar a educação é pensar em resistências, lutas e utopias frente às desigualdades. Contemporaneamente, é buscar se aprofundar nas condições impostas pela pandemia de forma crítica e dialógica para a superação da pandemia de fundo vivida que é a lógica do capital e da mercantilização de tudo quanto há.
O coletivo presente nesta obra assume o encargo de trazer à público mais uma vez diálogos críticos com o objetivo de fortalecer a práxis libertadora. Em tempos de pandemia, o trabalho contra-hegemônico e de resistência não somente é necessário, mas também urgente. Pensar e repensar como a lógica do capital avança sobre a educação e como esta se articula com o metabolismo desumanizador do capital demanda tanto pesquisas como ações.
O desvelamento é um passo importante e reflexivo que, ao se articular, com a proposta de diálogo, rejeita o caráter messiânico e horizontaliza as relações. É na escolha de diálogo como pressuposto e caminho que se desenha as contradições das crises vividas e um outro mundo possível.
