
A língua de sinais é considerada uma língua que possui todos os níveis linguísticos, são eles: fonológicos, morfológicos, sintáticos e pragmáticos. O surdo utiliza dessa língua para expressar os seus anseios, angústias e alegrias. O canal de comunicação do surdo acontece por via da modalidade gestual-visual.
Porém, é importante ressaltar que a língua de sinais não é universal e cada país utiliza sua própria versão da língua, inclusive o Brasil, através da Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida pela sigla LIBRAS.
Dados estatísticos revelam que 1,1% da população brasileira possui algum tipo de deficiência auditiva, a qual incide mais entre pessoas brancas (1,4%), do que em negros (0,9%). Apontam, ainda, que 0,9% da população brasileira tem surdez devido a alguma patologia ou acidente, enquanto 0,2% já nasce surda. Cerca de 21% das pessoas com deficiência auditiva nos seus diferentes graus de surdez têm suas atividades diárias prejudicadas.
Esses dados, além de preocupantes, nos revelam o quanto os surdos necessitam de direcionamento em questões de ordem social, cultural, linguística e educacional.
Entendemos que se faz necessário relatar como se deu o nosso interesse pela Libras, que se deve a três motivações: a primeira, partiu da curiosidade em observar as barreiras na comunicação entre o surdo e a sua família, já que frequentemente não há entre eles o diálogo em língua de sinais.
Nesse aspecto, pudemos elencar algumas características comuns de surdos, filhos de pais ouvintes que não sabem a língua de sinais, tais como: a irritação de não ser compreendido, a relação interpessoal, a indefinição de identidade, o conflito linguístico, o choque cultural, entre outros indicadores.
A segunda motivação partiu da prática e vivência como profissionais de Libras. Durante a fase de convivência com alunos surdos, pudemos perceber o quanto eles eram silenciados.
Uma pergunta que era feita porém ignorada pelo professor; um ponto de vista não recebido de maneira receptiva; a exclusão em aulas que privilegiam a conversação/oralização, como em aulas de língua estrangeira; professor que se dirige ao intérprete de Libras, quando deveria se reportar diretamente aos alunos surdos; a frequente desconsideração da comunicação gestual, etc.
