Sonhos

Os sonhos sempre tiveram valor no imaginário de todas as culturas. Entre os gregos, por exemplo, podiam representar intenções dos deuses e, nesse sentido, precisar de interpretação.
Diferentemente do que ocorre em nossa cultura, os sonhos não eram encarados como algo da intimidade do sonhador

, sendo tomados como resultados de desígnios “exteriores”, como augúrios do destino. Com isso, percebemos que as formas de representá-los resultam de diferentes construções culturais. Nos desdobramentos da cultura ocidental a “intimidade” ganha relevo, perdendo-se grande parte do sentido trágico e social que a suposição de um destino trazia. Por essa razão, o sonho passou a ter uma significação individual. Nesse contexto, a psicanálise surge como um campo singular de abordagem. O trabalho analítico deu outro estatuto aos sonhos, resgatando-os da aparente dicotomia que a contraposição destino versus indivíduo lhes deu ao longo de séculos. No desenvolvimento deste livro, investigo a função dos sonhos no ensino da psicanálise, bem como sua importância no trabalho de cada analisando.
Pretendo mostrar, assim, a singularidade do registro psicanalítico do tema.
Com seu clássico livro A interpretação dos sonhos, publicado em 1900, Freud inaugura um campo que permanece único: a abordagem dos sonhos como uma formação do inconsciente. Nesse texto, ele os apresenta como produtos da realização de desejos inconscientes, resultantes do que denominou processo primário. O que lhes daria a característica por vezes absurda seria a deformação exercida pelo processo secundário, no qual Freud localizou o trabalho da censura. O processo secundário substitui o primário, modificando seu conteúdo. O resultado são deformações que camuflam o desejo realizado no sonho, fazendo com que o mesmo adquira uma expressão irreconhecível. Essa abordagem não foi retomada nem modificada por Freud, mesmo que ele tenha produzido uma alteração radical nos conceitos que sustentavam a psicanálise. Aqui apresento essas modificações, e, ao mesmo tempo, ressituo a teoria sobre os sonhos, cujas bases se alteraram.
A forma peculiar que resulta da elaboração onírica produz o caráter enigmático do sonho, que todos conhecemos.
Ao longo dos séculos, essa característica tem despertado curiosidade e interesse. Muitas chaves interpretativas já foram propostas, e muitos leitores de destinos viram nos sonhos uma predição. Ficaram famosas as ocasiões em que as interpretações provocaram estratégias de guerra, resultando em vitórias. Freud entrou nesse viés do interesse popular trazendo para a interpretação dos sonhos uma abordagem científica. Mais ainda: reverteu a temporalidade que até então lhes era atribuída! Ao invés de predizer o futuro, o sonho mostrava uma realização do desejo infantil recalcado.

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Pretendo mostrar, assim, a singularidade do registro psicanalítico do tema.
Com seu clássico livro A interpretação dos sonhos, publicado em 1900, Freud inaugura um campo que permanece único: a abordagem dos sonhos como uma formação do inconsciente. Nesse texto, ele os apresenta como produtos da realização de desejos inconscientes, resultantes do que denominou processo primário. O que lhes daria a característica por vezes absurda seria a deformação exercida pelo processo secundário, no qual Freud localizou o trabalho da censura. O processo secundário substitui o primário, modificando seu conteúdo. O resultado são deformações que camuflam o desejo realizado no sonho, fazendo com que o mesmo adquira uma expressão irreconhecível. Essa abordagem não foi retomada nem modificada por Freud, mesmo que ele tenha produzido uma alteração radical nos conceitos que sustentavam a psicanálise. Aqui apresento essas modificações, e, ao mesmo tempo, ressituo a teoria sobre os sonhos, cujas bases se alteraram.
A forma peculiar que resulta da elaboração onírica produz o caráter enigmático do sonho, que todos conhecemos.
Ao longo dos séculos, essa característica tem despertado curiosidade e interesse. Muitas chaves interpretativas já foram propostas, e muitos leitores de destinos viram nos sonhos uma predição. Ficaram famosas as ocasiões em que as interpretações provocaram estratégias de guerra, resultando em vitórias. Freud entrou nesse viés do interesse popular trazendo para a interpretação dos sonhos uma abordagem científica. Mais ainda: reverteu a temporalidade que até então lhes era atribuída! Ao invés de predizer o futuro, o sonho mostrava uma realização do desejo infantil recalcado.

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