
O livro resulta de uma pesquisa teórica, desenvolvida no Mestrado Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMA, que articula um diálogo conceitual e metodológico entre o paradigma hermenêuticofilosófico do alemão Hans-Georg Gadamer e a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), oriunda das pesquisas de Carl Ranson Rogers e de John Keith Wood.
Sua singularidade advém do fato de que não se trata apenas de uma apresentação dessa abordagem, na expressão dos seus fundamentos terapêuticos e diretrizes conceituais e metodológicas, mas de uma leitura criteriosa sob as lentes da hermenêutica filosófica, cujo intento objetiva submeter a noção de abordagem centrada na pessoa ao rigor conceitual da compreensão hermenêutica com a finalidade de ampliar sua reflexão do ponto de vista de seu desenvolvimento teórico-conceitual. O saber psicológico e o filosófico, mais uma vez, em busca de novos horizontes interpretativos e no exercício de suas interfaces.
A pesquisa, se por um lado, contribui de modo significativo e didático para elucidações e discussões internas sobre o desenvolvimento do pensamento de Carl Rogers em parceria com John Wood, por outro está orientada na contramão do argumento que sustenta que a passagem das primeiras nomenclaturas (aconselhamento não-diretivo, terapia centrada no cliente, abordagem centrada no cliente) para abordagem centrada na pessoa se limita a uma simples transposição de conceitos ou mesmo uma extensão dos fundamentos psicoterápicos para outros distintos campos das interrelações humanas.
Para tanto, o pesquisador prioriza como recurso hermenêutico-argumentativo a reabilitação de conceitos como” terapia”, “abordagem”, “cliente” e “pessoa”, mostrando como no horizonte da abordagem centrada na pessoa a concepção de “pessoa” é atualizada em seu caráter de particularidade mediante a força expressa de sua realidade transpessoal e centrada na vida; sendo, assim, priorizada em sua potencialidade como fator de transformação.
Em seu caráter hermenêutico-filosófico, toda compreensão – vale lembrar – pressupõe uma reabilitação das concepções prévias, dos preconceitos. Por isso a relevância de atualizarmos a nossa conversa com a tradição em busca de sentidos e novos horizontes compreensivos, cujo alcance advém de uma relação de familiaridade e estranhamentos.
Nesse percurso de compreensão da Abordagem Centrada na Pessoa, a análise assinala uma preocupação dialético-hermenêutica em dialogar com as configurações conceituais e argumentativas que definem a extensão e os limites das suas formulações prévias, bem como em diferenciá-la de outras linhas da Psicologia. Daí por que a compreensão de sua singularidade conceitual ser construída a partir de suas diferenciações, dos seus vetos, de sua abertura e de suas transposições.











