Alquimia Da Crítica: Benjamin E As Afinidades Eletivas De Goethe

Escrito em Heidelberg, entre o verão de 1921 e fevereiro de 1922, As afinidades eletivas de Goethe talvez seja o trabalho mais difícil de Walter Benjamin. Sempre lembrado e frequentemente citado, o longo ensaio que o filósofo consagrou ao romance de Goethe "As afinidades eletivas" permanece pouco explorado

— preservado por seus intérpretes como um tesouro oculto que guarda o mistério em torno de sua obra. Apesar do interesse crescente pelo pensamento de Benjamin, na literatura de comentário de língua portuguesa não há nenhum estudo dedicado precisamente a esse texto importantíssimo. Registro da tentativa de decifrar esse ensaio hermético, e sem a pretensão de desvelar o segredo de sua prosa a um só tempo literária e filosófica, este livro se lança, num mesmo gesto, a uma tarefa dupla: introduzir o leitor ao comentário crítico de Benjamin sobre o romance goethiano e oferecer uma apresentação de sua filosofia.
Segundo Hugo von Hofmannsthal — o responsável por sua publicação —, todo o fascínio deste ensaio, a sua beleza e o seu alto teor metafísico constituem a expressão de um “pensamento puro” e “seguro de si”, do qual ele mesmo encontrou poucos exemplos. Apontado pelo próprio Benjamin como o modelo perfeito de crítica, esse texto esconde, sob a sua extrema beleza, uma “profundidade enigmática” que possui vários níveis de compreensão, uma inesgotabilidade de sentido que sempre encantou os leitores mais exigentes.
Desenvolvida em torno de três estratos de reflexão — a teoria do conhecimento, a ética e a teoria da arte —, esta investigação procura delinear o “sistema virtual” que, no início da década de 1920, Benjamin declarou ser a sua grande preocupação como “princípio do grande trabalho de crítica literária”; o “pensamento ao menos virtualmente sistemático” que, entre a arte e a filosofia, permitirá recriar a crítica como gênero e transformar o seu exercício.
Dentro da obra de Benjamin, o estudo sobre As afinidades eletivas ocupa uma posição estratégica. Como observou Gershom Scholem, ele marca um giro decisivo em sua produção em direção à atitude de comentador, possivelmente inspirada pela tradição talmúdica. Benjamin faz da realização da crítica a elaboração de sua própria teoria, e é em As afinidades eletivas de Goethe que ele expõe, pela primeira vez, o seu conceito de crítica estética.

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Escrito em Heidelberg, entre o verão de 1921 e fevereiro de 1922, As afinidades eletivas de Goethe talvez seja o trabalho mais difícil de Walter Benjamin. Sempre lembrado e frequentemente citado, o longo ensaio que o filósofo consagrou ao romance de Goethe “As afinidades eletivas” permanece pouco explorado — preservado por seus intérpretes como um tesouro oculto que guarda o mistério em torno de sua obra. Apesar do interesse crescente pelo pensamento de Benjamin, na literatura de comentário de língua portuguesa não há nenhum estudo dedicado precisamente a esse texto importantíssimo. Registro da tentativa de decifrar esse ensaio hermético, e sem a pretensão de desvelar o segredo de sua prosa a um só tempo literária e filosófica, este livro se lança, num mesmo gesto, a uma tarefa dupla: introduzir o leitor ao comentário crítico de Benjamin sobre o romance goethiano e oferecer uma apresentação de sua filosofia.
Segundo Hugo von Hofmannsthal — o responsável por sua publicação —, todo o fascínio deste ensaio, a sua beleza e o seu alto teor metafísico constituem a expressão de um “pensamento puro” e “seguro de si”, do qual ele mesmo encontrou poucos exemplos. Apontado pelo próprio Benjamin como o modelo perfeito de crítica, esse texto esconde, sob a sua extrema beleza, uma “profundidade enigmática” que possui vários níveis de compreensão, uma inesgotabilidade de sentido que sempre encantou os leitores mais exigentes.
Desenvolvida em torno de três estratos de reflexão — a teoria do conhecimento, a ética e a teoria da arte —, esta investigação procura delinear o “sistema virtual” que, no início da década de 1920, Benjamin declarou ser a sua grande preocupação como “princípio do grande trabalho de crítica literária”; o “pensamento ao menos virtualmente sistemático” que, entre a arte e a filosofia, permitirá recriar a crítica como gênero e transformar o seu exercício.
Dentro da obra de Benjamin, o estudo sobre As afinidades eletivas ocupa uma posição estratégica. Como observou Gershom Scholem, ele marca um giro decisivo em sua produção em direção à atitude de comentador, possivelmente inspirada pela tradição talmúdica. Benjamin faz da realização da crítica a elaboração de sua própria teoria, e é em As afinidades eletivas de Goethe que ele expõe, pela primeira vez, o seu conceito de crítica estética.

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