As melhores crônicas de Mario Prata estão nas 376 páginas deste livro lançado em 2008. Cem melhores crônicas (que, na verdade, são 129) traz textos sobre o cotidiano captado pela visão peculiar e bem humorada de Prata, que observa e absorve os detalhes mais interessantes ao seu redor. Com prefácio de Luis Fernando Veríssimo, o livro é embalado por temáticas como sexo, futebol e mulheres, entre vários outros assuntos. A seleção das crônicas foi feita pelo próprio autor, que revelou ter sido este um processo demorado, doloroso e – ainda bem!, divertido. No baú de opções, Prata mergulhou em mais de 2.000 textos e editou várias crônicas, optando por aquelas que realçavam a verve humorística e as banalidades do dia-a-dia. “O cronista tem de estar atento a tudo que acontece em torno dele”, afirma. E se der para garantir uma boa risada no final da leitura, melhor ainda!
A primeira coisa é que eu sei que a palavra bobagera não existe. Mas meu pai, mineiro, era assim que falava quando eu ainda era adolescente:
Devia era prestar concurso pru Banco do Brasil, no lugar de ficar aí escrevendo essas bobageras.
Fiz as duas coisas. Entrei para o Banco do Brasil e continuei a escrever as bobageras. Um dia, deixei os carimbos de lado e fiquei só com as bobageras mesmo.
A segunda coisa é agradecer à Editora Objetiva, que liberou para este livro algumas crônicas que eu havia publicado lá no livro Minhas tudo. São elas: “O dosta”, “Amor só de letras”, “Quem tem culpa no cartório”, “O carimbo”, “Viagem ao redor de um joelho”, “Foi o criado-mudo quem contou”, “Separei e mudei”, “O colchão, Uma tese é uma tese”, “Fui encontrado numa vala perdida”, “O amor de tumitinha”, “Você é um envelhescente?”, “Filho é bom”, mas “Dura muito” e “O chuveiro”.
São doze textos que eu não poderia deixar de colocar entre as minhas cem melhores (segundo eu mesmo, é claro) crônicas. Que são, na verdade, 129.
Em terceiro, aproveitar a oportunidade para dedicar ao meu pai este livro que, sem eu pedir, me deu uma Lettera 22 da Olivetti, quando fiz 18 anos, me olhando meio de soslaio a imaginar quantas bobageras não sairiam dali.
Ela ainda está aqui, pai, do meu lado, na minha mesa de trabalho, mais majestosa do que o computador.
Olho para ela sempre com carinho.