Haiti, Depois Do Inferno

Em um espaço de tempo que não chegou a completar um minuto, deu-se a maior tragédia natural da história de um país. O Haiti não precisava de mais tragédias para ter uma história das mais sangrentas do nosso tempo.

O ex-presidente americano, Bill Clinton, que esteve lá poucos dias depois do terremoto, qualificou o que viu como um dos maiores desastres humanitários da história das Américas. Foi também o maior desastre humanitário num único país, neste início de milênio. Os tsunamis no Sudeste asiático deixaram mais vítimas, mas atingiram vários povos, e várias regiões, de vários países.
Sob qualquer ponto de vista, o terremoto que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro de 2010 teve proporções dantescas. E o que talvez mais chame atenção é que os sete graus na escala Richter não fariam dele um megaterremoto, não fosse a miséria em que já se encontrava o país, não fosse a precariedade das construções e das vidas haitianas, em condições subumanas ao longo de mais de quinhentos anos de história.
Atingindo em cheio o epicentro da fragilidade haitiana, o terremoto fez da capital, Porto Príncipe, um inferno. Espalhou desespero por cidades menores que orbitam em torno do epicentro geográfico do tremor. O epicentro foi em Carrefour, um município tão integrado a Porto Príncipe que o visitante nem fica sabendo que está em uma ou outra cidade.
O abalo durou apenas alguns segundos, mas produziu imagens pavorosas de milhares de corpos abandonados na rua, corpos arrastados por empilhadeiras, corpos atirados em valas comuns, corpos esquecidos por dias no mesmo lugar. E assim transmitiu-se a errada impressão de que os haitianos não se importavam com seus mortos. Mas a tragédia também mostrou ao mundo, desde os primeiros dias, imagens emocionantes. Impossível esquecer as cenas de pessoas empurrando placas de concreto e saindo dos escombros como se estivessem abandonando cascas de ovos e renascendo do meio da poeira. Vão ficar marcadas para sempre na minha memória muitas lembranças de pessoas carregando doentes em carrinhos de mão, ou nos braços. E o aperto nas filas de distribuição de alimentos, quando haitianos se agarravam uns aos outros para impedir que espertinhos furassem a fila dos desesperados.

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Em um espaço de tempo que não chegou a completar um minuto, deu-se a maior tragédia natural da história de um país. O Haiti não precisava de mais tragédias para ter uma história das mais sangrentas do nosso tempo. O ex-presidente americano, Bill Clinton, que esteve lá poucos dias depois do terremoto, qualificou o que viu como um dos maiores desastres humanitários da história das Américas. Foi também o maior desastre humanitário num único país, neste início de milênio. Os tsunamis no Sudeste asiático deixaram mais vítimas, mas atingiram vários povos, e várias regiões, de vários países.
Sob qualquer ponto de vista, o terremoto que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro de 2010 teve proporções dantescas. E o que talvez mais chame atenção é que os sete graus na escala Richter não fariam dele um megaterremoto, não fosse a miséria em que já se encontrava o país, não fosse a precariedade das construções e das vidas haitianas, em condições subumanas ao longo de mais de quinhentos anos de história.
Atingindo em cheio o epicentro da fragilidade haitiana, o terremoto fez da capital, Porto Príncipe, um inferno. Espalhou desespero por cidades menores que orbitam em torno do epicentro geográfico do tremor. O epicentro foi em Carrefour, um município tão integrado a Porto Príncipe que o visitante nem fica sabendo que está em uma ou outra cidade.
O abalo durou apenas alguns segundos, mas produziu imagens pavorosas de milhares de corpos abandonados na rua, corpos arrastados por empilhadeiras, corpos atirados em valas comuns, corpos esquecidos por dias no mesmo lugar. E assim transmitiu-se a errada impressão de que os haitianos não se importavam com seus mortos. Mas a tragédia também mostrou ao mundo, desde os primeiros dias, imagens emocionantes. Impossível esquecer as cenas de pessoas empurrando placas de concreto e saindo dos escombros como se estivessem abandonando cascas de ovos e renascendo do meio da poeira. Vão ficar marcadas para sempre na minha memória muitas lembranças de pessoas carregando doentes em carrinhos de mão, ou nos braços. E o aperto nas filas de distribuição de alimentos, quando haitianos se agarravam uns aos outros para impedir que espertinhos furassem a fila dos desesperados.

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