O país é sugado todos os dias. A expressão “sanguessuga”, marcada pela operação policial que desmontou a máfia das ambulâncias, pode ser utilizada para políticos, empresários, servidores, lobistas, ongueiros, religiosos. O país é sugado pela empreiteira que frauda licitações, que paga propinas, superfatura obras. É sugado pelo governante que desvia recursos públicos, pelo parlamentar que representa interesses escusos no Congresso, pelo servidor corrupto que ajuda quadrilhas organizadas a se apropriar do bem público.
Os mecanismos de investigação e controle se aperfeiçoam a cada ano, mas a corrupção parece cada vez mais incontrolável, sem limites. Parece contagiar todo aquele que chega ao poder. Partidos com história de luta em defesa da ética perecem quando têm a caneta nas mãos para liberar verbas para aliados, acomodar afilhados políticos, militantes, parentes. A honestidade não tem preço, não pode ser mensurada, mas impressiona o fato de deputados venderem a sua dignidade por 30 mil reais. Políticos são flagrados com dinheiro sujo em malas, na bolsa, na cueca, na meia.
O país esperava um tempo novo na era Lula. Muitas bombas já estavam armadas para explodir no governo petista, é verdade, mas o partido também cometeu pecados novos. Cunhou a expressão “mensalão”. Tudo na política parece montado para perpetuar os desmandos, os desvios, o roubo. Os partidos são associações privadas criadas para ocupar nacos do poder. Não têm ideologia, e a sua prática difere muito dos próprios programas. A organização partidária, o modelo de financiamento de campanha, a forma fisiológica de distribuição de cargos e verbas públicas, a promiscuidade nas relações público-privadas, o patrimonialismo, a impunidade tudo leva à descrença do povo, que já sai às ruas dizendo um sonoro “basta” à corrupção.
Este livro revela os bastidores de apurações que marcaram a história recente do país, sob a visão do seu autor, em reportagens publicadas no jornal Correio Braziliense.