O Que Resta Das Jornadas De Junho

Redigidos entre maio de 2016 e abril de 2017, os capítulos lidam com a (im)possibilidade de interpretar o momento presente, pelo menos no sentido de uma análise unidimensional, dada toda a pluralidade de sujeitos, pautas e problemas que se apresentaram concomitante e correlatamente.

Tendo em vista a volatilidade do cenário político atual, enquanto preparávamos a
publicação desta coletânea, não pudemos registrar a eclosão de novas manifestações, à direita e à esquerda, realização de greve geral, avanços na Operação Lava Jato e tramas obscuras nos bastidores de Brasília. Assim, este livro já chega ao leitor “desatualizado”, incapaz de dar conta do assunto como um todo.
Acreditamos, porém, que esta coletânea de escritos tenha valor como documento histórico e ensaio filosófico, sendo capaz de lançar alguma luz sobre a crise brasileira atual. Daí vem o sentido do título.
O que resta das jornadas de junho faz referência ao livro O que resta de Auschwitz, de Giorgio Agamben, cuja noção de “resto” nos remete, de um lado, ao problema testemunhal de Auschwitz, fincado, principalmente, em sua (im)possibilidade, e de outro lado na tarefa que cabe, dentre outros, à filosofia, de buscar interpretar a referida (im)possibilidade e limar, o quanto possível, a má-fé, o uso político e a mitificação do que significou Auschwitz para a história da humanidade. Nesse sentido, o conceito de “resto” foi apropriado no curso do evento como um topos analítico que deveria servir como um elemento desmitificador do real significado das jornadas de junho de 2013.
De todo modo, os trabalhos que estão publicados aqui, ao reconhecerem a sua profunda vinculação com o fenômeno completamente contemporâneo e corrente das jornadas de junho, tanto em termos socioculturais quanto no que diz respeito ao aspecto propriamente partidário-institucional, assumem-se como políticos e politizadores, porque diretamente vinculados. Eles são plurais, porque plurais são os sujeitos epistemológico-políticos, as lutas, as contradições, os problemas e, certamente, com tudo isso, também a práxis propositiva deles, sobre eles e para eles. Eles são políticos, por conseguinte, porque interpretam, assumem posicionamento e realizam proposições desde a condição sociocultural de seus pesquisadores e de suas pesquisadoras. Ora, mais que uma parcialidade, essa vinculação política e politizante é o caminho que resta a qualquer criticismo social, práxis políticonormativa e diálogo intercultural. As próprias jornadas de junho de 2013 nos ensinaram, em verdade, que a hegemonia cultural, política, normativa e institucional somente é possível por essa vinculação e como luta, e não por qualquer neutralidade axiológico-política.

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Redigidos entre maio de 2016 e abril de 2017, os capítulos lidam com a (im)possibilidade de interpretar o momento presente, pelo menos no sentido de uma análise unidimensional, dada toda a pluralidade de sujeitos, pautas e problemas que se apresentaram concomitante e correlatamente. Tendo em vista a volatilidade do cenário político atual, enquanto preparávamos a
publicação desta coletânea, não pudemos registrar a eclosão de novas manifestações, à direita e à esquerda, realização de greve geral, avanços na Operação Lava Jato e tramas obscuras nos bastidores de Brasília. Assim, este livro já chega ao leitor “desatualizado”, incapaz de dar conta do assunto como um todo.
Acreditamos, porém, que esta coletânea de escritos tenha valor como documento histórico e ensaio filosófico, sendo capaz de lançar alguma luz sobre a crise brasileira atual. Daí vem o sentido do título.
O que resta das jornadas de junho faz referência ao livro O que resta de Auschwitz, de Giorgio Agamben, cuja noção de “resto” nos remete, de um lado, ao problema testemunhal de Auschwitz, fincado, principalmente, em sua (im)possibilidade, e de outro lado na tarefa que cabe, dentre outros, à filosofia, de buscar interpretar a referida (im)possibilidade e limar, o quanto possível, a má-fé, o uso político e a mitificação do que significou Auschwitz para a história da humanidade. Nesse sentido, o conceito de “resto” foi apropriado no curso do evento como um topos analítico que deveria servir como um elemento desmitificador do real significado das jornadas de junho de 2013.
De todo modo, os trabalhos que estão publicados aqui, ao reconhecerem a sua profunda vinculação com o fenômeno completamente contemporâneo e corrente das jornadas de junho, tanto em termos socioculturais quanto no que diz respeito ao aspecto propriamente partidário-institucional, assumem-se como políticos e politizadores, porque diretamente vinculados. Eles são plurais, porque plurais são os sujeitos epistemológico-políticos, as lutas, as contradições, os problemas e, certamente, com tudo isso, também a práxis propositiva deles, sobre eles e para eles. Eles são políticos, por conseguinte, porque interpretam, assumem posicionamento e realizam proposições desde a condição sociocultural de seus pesquisadores e de suas pesquisadoras. Ora, mais que uma parcialidade, essa vinculação política e politizante é o caminho que resta a qualquer criticismo social, práxis políticonormativa e diálogo intercultural. As próprias jornadas de junho de 2013 nos ensinaram, em verdade, que a hegemonia cultural, política, normativa e institucional somente é possível por essa vinculação e como luta, e não por qualquer neutralidade axiológico-política.

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