Em um período de tempo relativamente curto a antropologia urbana surgiu como um dos campos mais vitais da antropologia. Durante seu período formativo, no entanto, faltou-lhe coerência intelectual.
Explorando a cidade é uma primeira tentativa ousada de fornecer exatamente essa coerência e uma compreensão teórica unificada do urbanismo.
Baseando-se não só na antropologia, mas também nas perspectivas urbanas de outras disciplinas, tais como história, sociologia e geografia, Ulf Hannerz traz, nesta obra, unidade intelectual à história e ao desenvolvimento da antropologia urbana.
Apenas há pouco mais de uma década, quase não havia uma antropologia urbana. A preocupação com o urbanismo como parte da civilização e o interesse pela definição de suas propriedades interculturais, já levaram uma série de pesquisadores a Timbuktu e a outros locais distantes.
Mas, ainda no início da década de 1960, um estudante de urbanismo comparativo pôde observar que os antropólogos eram “um grupo notoriamente agoráfobo, antiurbano por definição”. Só nessa década a tendência dos antropólogos de ir para as cidades (ou, simplesmente, de permanecer nelas) tornou-se realmente considerável.
Houve vários motivos para isso. Nas sociedades “exóticas” às quais os antropólogos habitualmente dedicaram a maior parte de sua atenção – e que agora estão aprendendo a descrever como “Terceiro Mundo” – as pessoas, cada vez mais, deixavam as aldeias e iam para novos centros urbanos em constante crescimento e é claro que os pesquisadores de suas vidas dificilmente poderiam desconsiderar esse fato.
Nos Estados Unidos, muitos antropólogos estavam mais diretamente envolvidos com os desenvolvimentos locais. Na década de 1950, a imagem que os Estados Unidos tinham de si mesmos era a de uma sociedade de massa homogeneizada e afluente; intelectuais queixavam-se de um excesso de conformismo medíocre.
Na década de 1960, a etnicidade e a pobreza foram redescobertas e, na maioria das vezes, foram definidas como “problemas urbanos”. Na Europa, ao mesmo tempo, a migração de mão de obra internacional e, em menor medida, o afluxo de refugiados de convulsões políticas, estavam mudando o caráter de muitas cidades.
Havia uma busca por novos conhecimentos e os antropólogos sentiram que poderiam desempenhar um papel. Tinham se especializado em “outras culturas”, mas as tinham procurado em lugares distantes. Agora, eles as encontravam do outro lado da rua.