Nas Sombras Do Estado Islâmico

Nas Sombras Do Estado Islâmico - O testemunho extraordinário da mulher francesa que se juntou ao estado islâmico e conseguiu sobreviver a uma jornada pelo inferno.
Sophie Kasiki trabalhava como assistente social nos subúrbios de Paris quando três dos jovens que auxiliava abandonaram a França para se juntar ao Estado Islâmico, na Síria. Em pouco tempo, aqueles que ela carinhosamente chamava de os meninos voltariam a procurá-la. A princípio, Sophie ingenuamente esperava convencê-los a voltar, mas o que aconteceria seria exatamente o oposto. Em Nas Sombras Do Estado Islâmico, Sophie Kasiki relata, de forma muito emocionante, todo o terror que passou na cidade de Raqqa, coração do Estado Islâmico na Síria.

A estrada se prolongava como um tecido amarelo pela planície devastada. Os bombardeios das tropas de Bashar tinham aberto crateras entre as quais subsistiam, aqui e ali, algumas miseráveis fazendolas, algumas ainda habitadas. Mas não era possível ver os moradores. Nunca. Estavam escondidos. Montinhos de terra circundavam os buracos como se fossem lábios. Atravessei essa paisagem corroída, deformada pela violência da guerra que ali impera há mais de cinco anos, carregando meu filho no colo, adormecido e escondido sob o meu niqab. Com um braço, segurava o seu corpo pesado e morno. Com o outro, apertava forte a cintura magra de um homem que até ontem eu não conhecia. Agora, nossas vidas dependiam dele. Malik, nosso salvador.
A moto seguia tão rápida quanto o seu cansado motor permitia, e o vento jogava um véu escuro contra o meu nariz e a minha boca, dificultando a respiração. Cada minuto que passava, cada hora desde o início da nossa fuga, contava para a nossa sobrevivência. Estávamos sendo procurados e perseguidos em Raca. Quando descobrissem que eu conseguira escapar da cidade, viriam nos esperar ali, na estrada para a fronteira. Malik evitava os buracos e protuberâncias que se alternavam no asfalto coberto de areia. Como uma amazona insegura em sua garupa, me atrapalhava com os véus agora visivelmente cobertos, como tudo mais na região, pela triste e amarelada poeira da destruição.
Na estrada, vindo em sentido contrário, passavam com estardalhaço enlameadas caminhonetes, com muitos rapazes que balançavam junto das 12.7, metralhadoras montadas em tripés. Vestindo roupas militares de camuflagem meio esquisitas, eles tinham barbas e cabelos compridos, bigodes aparados. Levavam rifles kalachnikov pendurados nas costas. Com o punho erguido ao passarem por nós, estampavam o orgulhoso riso dos combatentes. Jovens vindos de todas as regiões eram ali chamados mudjahidines e, em outros lugares, jihadistas. Era o exército do Estado Islâmico se dirigindo para o combate.

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Nas Sombras Do Estado Islâmico – O testemunho extraordinário da mulher francesa que se juntou ao estado islâmico e conseguiu sobreviver a uma jornada pelo inferno.
Sophie Kasiki trabalhava como assistente social nos subúrbios de Paris quando três dos jovens que auxiliava abandonaram a França para se juntar ao Estado Islâmico, na Síria. Em pouco tempo, aqueles que ela carinhosamente chamava de os meninos voltariam a procurá-la. A princípio, Sophie ingenuamente esperava convencê-los a voltar, mas o que aconteceria seria exatamente o oposto. Em Nas Sombras Do Estado Islâmico, Sophie Kasiki relata, de forma muito emocionante, todo o terror que passou na cidade de Raqqa, coração do Estado Islâmico na Síria.

A estrada se prolongava como um tecido amarelo pela planície devastada. Os bombardeios das tropas de Bashar tinham aberto crateras entre as quais subsistiam, aqui e ali, algumas miseráveis fazendolas, algumas ainda habitadas. Mas não era possível ver os moradores. Nunca. Estavam escondidos. Montinhos de terra circundavam os buracos como se fossem lábios. Atravessei essa paisagem corroída, deformada pela violência da guerra que ali impera há mais de cinco anos, carregando meu filho no colo, adormecido e escondido sob o meu niqab. Com um braço, segurava o seu corpo pesado e morno. Com o outro, apertava forte a cintura magra de um homem que até ontem eu não conhecia. Agora, nossas vidas dependiam dele. Malik, nosso salvador.
A moto seguia tão rápida quanto o seu cansado motor permitia, e o vento jogava um véu escuro contra o meu nariz e a minha boca, dificultando a respiração. Cada minuto que passava, cada hora desde o início da nossa fuga, contava para a nossa sobrevivência. Estávamos sendo procurados e perseguidos em Raca. Quando descobrissem que eu conseguira escapar da cidade, viriam nos esperar ali, na estrada para a fronteira. Malik evitava os buracos e protuberâncias que se alternavam no asfalto coberto de areia. Como uma amazona insegura em sua garupa, me atrapalhava com os véus agora visivelmente cobertos, como tudo mais na região, pela triste e amarelada poeira da destruição.
Na estrada, vindo em sentido contrário, passavam com estardalhaço enlameadas caminhonetes, com muitos rapazes que balançavam junto das 12.7, metralhadoras montadas em tripés. Vestindo roupas militares de camuflagem meio esquisitas, eles tinham barbas e cabelos compridos, bigodes aparados. Levavam rifles kalachnikov pendurados nas costas. Com o punho erguido ao passarem por nós, estampavam o orgulhoso riso dos combatentes. Jovens vindos de todas as regiões eram ali chamados mudjahidines e, em outros lugares, jihadistas. Era o exército do Estado Islâmico se dirigindo para o combate.

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