O Pensamento Feminista E Os Estudos De Gênero: Experiências Na Escola De Enfermagem Da UFBA

O feminismo como movimento político se constrói na luta das mulheres contra a dominação e exploração. Os conceitos de corpo, sexualidade e reprodução se constituíram como um dos focos deste movimento já que a opressão de gênero se dá em grande medida, através do controle do corpo e da sexualidade feminina.


A agenda construída e defendida pelo movimento feminista, de modo particular o de saúde, incidiu diretamente sobre elementos constitutivos da lógica que, simultaneamente, dissocia e articula o público e o privado: a maternidade como papel prioritário das mulheres, a sexualidade, o papel da ordem médica, bem como, a lógica de organização dos serviços públicos de saúde. Esta agenda foi sendo construída pelas próprias mulheres, a partir das ideias de reapropriação e resignificação do seu corpo.
Entretanto, apesar do reconhecimento quase que unânime de investigadora(e)s que interpretam a emergência do feminismo, como um fenômeno do processo de democratização, concordamos com Correia e Ávila, quando escrevem: “[...] quase nunca se afirma que a sociedade se democratizou, de fato, porque as mulheres se organizaram e se tornaram protagonistas do domínio público [...]” .
O movimento feminista brasileiro tem, desde a década de 1970, desenvolvido diferentes estratégias, para ampliar e consolidar as conquistas das mulheres. O campo da saúde, dos direitos sexuais e reprodutivos, tem sido o carro-chefe de mudanças e possibilitou importantes avanços a partir de articulações políticoinstitucionais, em diversos planos. A articulação de organizações feministas na formulação e implementação de políticas de saúde para a mulher foi iniciada em meados da década de 1980, a partir do crescente movimento de redemocratização do país com o envolvimento dos movimentos sociais. A emergência destes movimentos transformou a forma tradicional de fazer política, envolvendo setores da população até então marginalizados pelos longos anos de ditadura militar. Neste sentido, se constituíram em um campo de luta, formado por atores até então excluídos do debate como os membros das associações de bairro, negros, índios, mulheres.
As mulheres passaram a protagonistas da sua história ao apresentarem as suas demandas específicas, relacionadas com as condições concretas de vida, incluindo não apenas o direito à saúde, condições dignas de trabalho, educação, como o direito ao controle do próprio corpo, da sua sexualidade, da sua fecundidade.

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A agenda construída e defendida pelo movimento feminista, de modo particular o de saúde, incidiu diretamente sobre elementos constitutivos da lógica que, simultaneamente, dissocia e articula o público e o privado: a maternidade como papel prioritário das mulheres, a sexualidade, o papel da ordem médica, bem como, a lógica de organização dos serviços públicos de saúde. Esta agenda foi sendo construída pelas próprias mulheres, a partir das ideias de reapropriação e resignificação do seu corpo.
Entretanto, apesar do reconhecimento quase que unânime de investigadora(e)s que interpretam a emergência do feminismo, como um fenômeno do processo de democratização, concordamos com Correia e Ávila, quando escrevem: “[…] quase nunca se afirma que a sociedade se democratizou, de fato, porque as mulheres se organizaram e se tornaram protagonistas do domínio público […]” .
O movimento feminista brasileiro tem, desde a década de 1970, desenvolvido diferentes estratégias, para ampliar e consolidar as conquistas das mulheres. O campo da saúde, dos direitos sexuais e reprodutivos, tem sido o carro-chefe de mudanças e possibilitou importantes avanços a partir de articulações políticoinstitucionais, em diversos planos. A articulação de organizações feministas na formulação e implementação de políticas de saúde para a mulher foi iniciada em meados da década de 1980, a partir do crescente movimento de redemocratização do país com o envolvimento dos movimentos sociais. A emergência destes movimentos transformou a forma tradicional de fazer política, envolvendo setores da população até então marginalizados pelos longos anos de ditadura militar. Neste sentido, se constituíram em um campo de luta, formado por atores até então excluídos do debate como os membros das associações de bairro, negros, índios, mulheres.
As mulheres passaram a protagonistas da sua história ao apresentarem as suas demandas específicas, relacionadas com as condições concretas de vida, incluindo não apenas o direito à saúde, condições dignas de trabalho, educação, como o direito ao controle do próprio corpo, da sua sexualidade, da sua fecundidade.

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