
Se o desejo deve se virar, que ele encontre espaços onde sua realização seja intensa, mesmo que breve. Que engendre mil outras pulsões, disseminado ainda mais outros desejos mil. Mil devires, mil platôs…
Esta Tese aborda, nos limites de sua formatação, como uma política do desejo molecular transitou e fez emergir miríades de agenciamentos maquínicos libertários contra as modelizações da subjetividade capitalística. Ou, melhor dizendo: como pessoas e grupos libertários, saturados de relações sociais heterogestoras, construíram espaços e situações de convívio coletivo em que suas vidas foram e, enfim, puderam ser, de fato, autogeridas.
Corpos Movediços, Vivências Libertárias trata dos conceitos de autogestão produzidos por pessoas vinculadas a grupos libertários contemporâneos, dentro da cena anarquista local (Fortaleza/CE), e aponta para a emergência de conceitos diferenciados e singulares sobre a autogestão, os quais traçam linhas de fuga frente às concepções instituídas.
A pesquisa foi realizada a partir da abordagem metodológica da Sociopoética, com o auxílio do Diário de Itinerância como dispositivo de registro da pesquisa e dos trajetos, às vezes difusos, do pesquisador-facilitador.
O Diário de Itinerância, de caráter etnográfico, é o registro escrito dos processos de produção e análises dos dados, e das situações existenciais experimentadas pelo pesquisador institucional, vinculadas ao tema proposto. Esta abordagem revela as múltiplas vivências do pesquisador institucional com as pessoas e os vários grupos autogestionários contemporâneos.
A Sociopoética institui o grupo-pesquisador, corpo coletivo da pesquisa; é o grupo-pesquisador sociopoético, enquanto filósofo coletivo, que produz novos saberes sob a forma de confetos – expressão híbrida entre conceito e afeto. Isso significa, que a composição do grupo-pesquisador sociopoético teve a intenção de produzir conceitos filosóficos sobre a autogestão.
A produção de dados da pesquisa ocorreu a partir de duas vivências de imersão na natureza (Mangue do rio Cocó – Fortaleza/CE; e serra da Pacatuba – Pacatuba, CE).
Eis os limites técnicos por onde reflito, dialogo, relato, e me situo frente ao tema central deste trabalho investigativo: A Autogestão Libertária.
