
Neste livro, apresento o conceito de identidades metaforizadas, termo que foi originalmente defendido em minha pesquisa de doutorado com narrativas de aprendizes de inglês. Minha intenção nessa missão era a de continuar meu percurso nos estudos de metáforas. Para isso, busquei uma forma de tentar contribuir para os estudos metafóricos, bem como contemplar o ensino e aprendizagem de inglês, dado o meu grande interesse nessa área.
Durante toda a minha trajetória como professor-pesquisador, venho me dedicando aos aprendizes, investigando questões relacionadas a esse grupo tão importante e muitas vezes ignorado. Assim, essa publicação marca, além do meu interesse de pesquisa nas metáforas, o meu compromisso como educador de línguas.
Nesse contexto, decidi investigar a relação das metáforas com as identidades. Para mim, essa relação já era clara, mas percebi uma carência de estudos que associam a visão cognitiva da metáfora com as identidades como fenômeno social e cultural. Dessa forma, minha escolha como pesquisador condiz também com as minhas convicções como professor, na medida em que acredito que não devemos enxergar os aprendizes como iguais ou homogêneos, e sim considerar toda a complexidade dos mesmos, concebendo-os como seres socioculturais marcados tanto por suas experiências sociais quanto cognitivas.
Ao analisar as lentes teóricas pelas quais as identidades são focalizadas, comecei a pensar que por mais que elas sejam fragmentadas, fractalizadas, líquidas, elas seriam também metaforizadas. Isso faz mais sentido se pensarmos que, por mais que tenhamos vários eus, eles coexistem, se projetam e se manifestam em nosso discurso.
Nessa perspectiva, nossas identidades seriam construídas por metaforizações de nós mesmos com outras identidades. Assim, a análise metafórica auxiliaria a compreensão das identidades em narrativas de aprendizagem de inglês.
Com base na característica sociocognitiva da metáfora, busquei investigar as identidades de aprendiz de dois grupos de estudantes universitários de inglês: de uma universidade no Brasil e de uma universidade em Hong Kong. Para isso, analisei dois conjuntos de histórias de aprendizagem de inglês – um de cada universidade.
Dessa maneira, neste texto, primeiramente, analiso as metáforas mais frequentes nos dois bancos de narrativas e, em seguida, apresento as identidades metaforizadas mais frequentes por meio da análise dos mapeamentos conceituais.
