Uma longa viagem no tempo revela-nos como as noções ocidentais sobre o amor, o desejo, a sexualidade e o casamento se alteraram profundamente da Pré-História até o século XVII. Distrações ou aflições para os gregos da Antiguidade Clássica, questões repudiadas pelos primeiros cristãos, assuntos do demônio e temas idealizados pelos trovadores na Idade Média, sujeitos a intensa repressão durante a Renascença, as reações de cada época às práticas amorosas deixam marcas profundas ainda em nossos dias.
No Iluminismo ou Idade da Razão, século XVIII, o amor caiu em desprestígio entre as classes superiores e os intelectuais. O estilo romântico, sofredor e idealizado parecia-lhes uma loucura supersticiosa da infância da humanidade. As emoções tinham que ser ocultadas. Os bailes de máscaras tornaram-se populares.
O século XIX, período romântico, desbancou o controle das emoções por uma atitude burguesa, resumida na palavra “sensibilidade”. Um estado de espírito hiperemocional, afetado por qualquer acontecimento ou pensamento.
Valorizavam-se a palidez e a decadência física como prova de sensibilidade da alma. As mulheres, imobilizadas em espartilhos, aprendiam em manuais a forma adequada de desmaiar. O amor no casamento passou a ser uma possibilidade. A repressão sexual foi intensa.
Uma grande novidade do século XX foi o encontro marcado. Telefone e automóvel transformaram as relações amorosas. Em lugar do encontro na igreja, da conversa preliminar com o pai e das tardes muito bem vigiadas na sala de visitas da família, os jovens passaram a marcar encontros por telefone e sair a passeio a sós, de carro. A partir de 1940, o casamento por amor se generalizou.
Na década de 1950, ainda se reprimia a sexualidade, e a conduta, principalmente das mulheres, era controlada. “O que os outros vão dizer?”, perguntavam-se mães aflitas diante de pequenas ousadias das filhas. As aparências e as normas sociais tinham peso excessivo. A reputação apoiava-se na capacidade de resistir aos avanços sexuais dos rapazes. Se uma moça cedesse ao namorado, não resistiria a outros apelos depois de casada. Os homens insistiam por mais intimidade, mas os que alcançavam seus intentos se desencantavam.
Casar, para a mulher, era a principal meta a ser alcançada na vida. E para isso era necessário impor respeito. A “fácil”, aquela que permitia certas liberdades, ficava mal falada, diminuindo, assim, suas chances de encontrar um marido.
O Livro Do Amor Vol. II: Do Iluminismo À Atualidade
- Ciências Sociais, História, Psicologia
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