Diálogos Do Tempo Presente

A história do tempo presente tem uma história a ser lembrada: de início, foi muito contestada não por historiadores, mas também pelos especialistas de outras áreas das humanidades. A duras penas, acabou sendo legitimada e atualmente, além de muito prestigiada, ocupa lugar de destaque na historiografia.


A introdução do historiador François Dosse sobre o tema permite que o leitor acompanhe as dificuldades enfrentadas pelos seus pares franceses que tiveram o mérito de abrir caminho para a estruturação desse campo novo. Contribuíram muito, também, para a definição mais precisa de métodos, técnicas de trabalho, tratamento das fontes e refinamento teórico.
Além dos preconceitos advindos da identificação do campo com o jornalismo, o recurso às fontes orais (entrevistas) também era questionado. O reconhecimento dessa metodologia só ocorreu quando elas foram submetidas a técnicas bem elaboradas e testadas passo a passo. Não menos problemática foi a aceitação da memória como elemento importante para o estudo do tempo presente: tal dificuldade se explica pelas questões teóricas que envolvem um estudo dessa natureza. Entre nós, foram as pesquisas sobre as ditaduras do Cone Sul que abriram caminho para essa ousadia.
As resistências com relação à capacidade do historiador de manter distanciamento ao analisar acontecimentos e processos próximos de seu tempo foram sendo vencidas pouco a pouco.
No Brasil, a história do tempo presente ganhou novo estímulo a partir das "comemorações" do cinquentenário do golpe militar de 1964. A motivação para revisitar os acontecimentos traumáticos desse passado recente se explica, tanto pelo interesse em compreender aspectos importantes desse momento histórico, como pela vontade política de manter viva a memória das atrocidades e denunciar os crimes cometidos.
Nos dias atuais, a legitimidade desse campo é consensual.
Historiadores e especialistas de outras áreas admitem que a história do tempo presente é construída a partir de bases científicas tão legítimas como as de outras áreas das humanidades.
O livro organizado pelos professores Tiago Arcanjo Orben, Rafael Saraiva Lapuente e Rafael Ganster atesta o interesse dos brasileiros pela compreensão do nosso passado mais recente. Além da qualidade dos textos publicados, de autoria de professores universitários e pós-graduandos, cabe salientar outro mérito dos organizadores da obra que deram oportunidade para que os jovens pesquisadores pudessem divulgar suas pesquisas em andamento.
A publicação reúne artigos que abordam uma diversidade de temas relacionados à história do tempo presente. Além de textos referentes à história política, história da imprensa ou história e memória, que mobilizam os historiadores dessa área, o leitor aqui encontra abordagem de assuntos de natureza diversa.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Diálogos Do Tempo Presente

A história do tempo presente tem uma história a ser lembrada: de início, foi muito contestada não por historiadores, mas também pelos especialistas de outras áreas das humanidades. A duras penas, acabou sendo legitimada e atualmente, além de muito prestigiada, ocupa lugar de destaque na historiografia.
A introdução do historiador François Dosse sobre o tema permite que o leitor acompanhe as dificuldades enfrentadas pelos seus pares franceses que tiveram o mérito de abrir caminho para a estruturação desse campo novo. Contribuíram muito, também, para a definição mais precisa de métodos, técnicas de trabalho, tratamento das fontes e refinamento teórico.
Além dos preconceitos advindos da identificação do campo com o jornalismo, o recurso às fontes orais (entrevistas) também era questionado. O reconhecimento dessa metodologia só ocorreu quando elas foram submetidas a técnicas bem elaboradas e testadas passo a passo. Não menos problemática foi a aceitação da memória como elemento importante para o estudo do tempo presente: tal dificuldade se explica pelas questões teóricas que envolvem um estudo dessa natureza. Entre nós, foram as pesquisas sobre as ditaduras do Cone Sul que abriram caminho para essa ousadia.
As resistências com relação à capacidade do historiador de manter distanciamento ao analisar acontecimentos e processos próximos de seu tempo foram sendo vencidas pouco a pouco.
No Brasil, a história do tempo presente ganhou novo estímulo a partir das “comemorações” do cinquentenário do golpe militar de 1964. A motivação para revisitar os acontecimentos traumáticos desse passado recente se explica, tanto pelo interesse em compreender aspectos importantes desse momento histórico, como pela vontade política de manter viva a memória das atrocidades e denunciar os crimes cometidos.
Nos dias atuais, a legitimidade desse campo é consensual.
Historiadores e especialistas de outras áreas admitem que a história do tempo presente é construída a partir de bases científicas tão legítimas como as de outras áreas das humanidades.
O livro organizado pelos professores Tiago Arcanjo Orben, Rafael Saraiva Lapuente e Rafael Ganster atesta o interesse dos brasileiros pela compreensão do nosso passado mais recente. Além da qualidade dos textos publicados, de autoria de professores universitários e pós-graduandos, cabe salientar outro mérito dos organizadores da obra que deram oportunidade para que os jovens pesquisadores pudessem divulgar suas pesquisas em andamento.
A publicação reúne artigos que abordam uma diversidade de temas relacionados à história do tempo presente. Além de textos referentes à história política, história da imprensa ou história e memória, que mobilizam os historiadores dessa área, o leitor aqui encontra abordagem de assuntos de natureza diversa.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog