Sócrates Encontra Descartes

Sócrates e Descartes são provavelmente os dois filósofos mais importantes que já existiram, pois foram os que influenciaram de modo mais profundo toda a filosofia que os sucedeu. Sócrates é chamado o “Pai da Filosofia”, enquanto Descartes é o “Pai da Filosofia Moderna”.


Estas duas alternativas filosóficas fundamentais, a clássica e a moderna, tiveram em Sócrates e Descartes, respectivamente, os seus fundadores.
Há pelo menos sete características comuns aos dois filósofos, e que os distinguem de todos os demais.
Primeiro, ambos foram iniciadores, revolucionários, praticamente sem ninguém que os precedesse. Não houve filósofo, além dos dois, que tenha dependido tão pouco dos antecessores, ao mesmo tempo que tornava os pensadores seguintes tão dependentes de si.
O método, as perguntas e as respostas de Sócrates eram quase que totalmente diferentes das dos filósofos ditos “pré-socráticos”; Descartes, por sua vez, tentou recomeçar a filosofia toda do zero, como se os dois mil anos que o precederam simplesmente não houvessem existido. Ninguém mais na história do pensamento fez o que os dois fizeram, nem tão completamente quanto o fizeram.
Segundo, ambos começaram duvidando e questionando tudo, ou quase tudo, mesmo aqueles lugares-comuns que todo mundo julgava indiscutíveis. Ambos compreenderam que o primeiro passo, e o mais importante, para um método verdadeiramente científico é nada supor de antemão, ou, no mínimo, questionar as pressuposições, removendo os preconceitos do lado subjetivo da consciência e colocando-os no lado objetivo, onde farão parte do grupo dos examinados, e não mais dos examinadores.
É claro que muitos filósofos concordam com isso, mas nenhum realizou este ideal de modo tão completo e original quanto os dois. Na época de Sócrates os livros eram poucos, não havia universidades e a tradição filosófica com que trabalhar era limitada; Descartes tinha tudo isso em abundância, mas resolveu duvidar de tudo, ou pelo menos tentou. Assim, ambos confiavam na experiência direta e no pensamento individual em vez de na autoridade e na tradição da comunidade.
Terceiro, ambos fizeram da busca pelo conhecimento do eu a busca filosófica central, ainda que com eu quisessem dizer coisas um pouco diferentes. O que Sócrates queria dizer com “conhece-te a ti mesmo” era “conhece a essência do Homem, a natureza humana universal”; o que Descartes queria dizer era “conhece tua própria existência enquanto indivíduo”.

   

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Estas duas alternativas filosóficas fundamentais, a clássica e a moderna, tiveram em Sócrates e Descartes, respectivamente, os seus fundadores.
Há pelo menos sete características comuns aos dois filósofos, e que os distinguem de todos os demais.
Primeiro, ambos foram iniciadores, revolucionários, praticamente sem ninguém que os precedesse. Não houve filósofo, além dos dois, que tenha dependido tão pouco dos antecessores, ao mesmo tempo que tornava os pensadores seguintes tão dependentes de si.
O método, as perguntas e as respostas de Sócrates eram quase que totalmente diferentes das dos filósofos ditos “pré-socráticos”; Descartes, por sua vez, tentou recomeçar a filosofia toda do zero, como se os dois mil anos que o precederam simplesmente não houvessem existido. Ninguém mais na história do pensamento fez o que os dois fizeram, nem tão completamente quanto o fizeram.
Segundo, ambos começaram duvidando e questionando tudo, ou quase tudo, mesmo aqueles lugares-comuns que todo mundo julgava indiscutíveis. Ambos compreenderam que o primeiro passo, e o mais importante, para um método verdadeiramente científico é nada supor de antemão, ou, no mínimo, questionar as pressuposições, removendo os preconceitos do lado subjetivo da consciência e colocando-os no lado objetivo, onde farão parte do grupo dos examinados, e não mais dos examinadores.
É claro que muitos filósofos concordam com isso, mas nenhum realizou este ideal de modo tão completo e original quanto os dois. Na época de Sócrates os livros eram poucos, não havia universidades e a tradição filosófica com que trabalhar era limitada; Descartes tinha tudo isso em abundância, mas resolveu duvidar de tudo, ou pelo menos tentou. Assim, ambos confiavam na experiência direta e no pensamento individual em vez de na autoridade e na tradição da comunidade.
Terceiro, ambos fizeram da busca pelo conhecimento do eu a busca filosófica central, ainda que com eu quisessem dizer coisas um pouco diferentes. O que Sócrates queria dizer com “conhece-te a ti mesmo” era “conhece a essência do Homem, a natureza humana universal”; o que Descartes queria dizer era “conhece tua própria existência enquanto indivíduo”.

   

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