Uma História Social Do Conhecimento Vol. II

Em meio às discussões atuais sobre a natureza da chamada sociedade do conhecimento, Peter Burke indaga-se sobre os modos de criação do saber, sobretudo no Ocidente, da segunda metade do século XVIII até os dias de hoje.

Em seu novo livro, uma continuação de Uma história social do conhecimento: de Gutemberg a Diderot, ele propõe-se a analisar tal assunto desde a publicação da Enciclopédia, como projeto do Iluminismo, até a recente elaboração da Wikipédia. Trata-se de trabalho de historiador maduro, baseado em bibliografia extensa e de excelente qualidade, com escrita fluida e didática. Uma obra de síntese com grande potencial para se transformar em importante fonte de referência.
Sua principal matriz teórica reside nas proposições do sociólogo Karl Mannheim em torno de uma sociologia do conhecimento. Seguindo trilha aberta por ele, Burke concentra-se na análise de grupos e instituições incumbidas de gerar conhecimento - em oposição a uma história intelectual, afeita tão somente aos debates científicos e filosóficos. Não é que tenha desprezado a criação individual, devidamente destacada, mas sublinha o quanto ela depende de um lugar e de uma formação social específica. Curiosamente, o autor declara que, ao escrever o primeiro livro da série, pensava ser o único a discorrer sobre o assunto. Porém, mais tarde percebeu que muitos estudiosos se dedicavam a ele: sinal de que seu próprio trabalho foi impulsionado por questões formuladas socialmente.
Em termos de estrutura, o trabalho concentra-se, nos quatro primeiros capítulos, em temas como coleta, análise, disseminação e aplicação dos conhecimentos, buscando compreender a historicidade dessas atividades. Nas duas seções seguintes, combate a ideia de que o conhecimento avança rumo a um progresso contínuo, considerando-o sujeito a perdas, extravios ou obsolescência. E, na parte final, analisa a história de seu objeto do ponto de vista geográfico, econômico, político e sociológico. A ênfase do trabalho recai sobre a criação de conhecimento nas academias e nos grupos formados em torno delas; porém, diletantes, governos e empresas privadas também têm sua atuação destacada. Aliás, nos dias atuais (na atual "sociedade do conhecimento"), segundo Burke, o centro de gravidade tem se deslocado em favor destes dois últimos agentes, bem como para fora do Ocidente (China, Japão, entre outros países).

 

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Em meio às discussões atuais sobre a natureza da chamada sociedade do conhecimento, Peter Burke indaga-se sobre os modos de criação do saber, sobretudo no Ocidente, da segunda metade do século XVIII até os dias de hoje. Em seu novo livro, uma continuação de Uma história social do conhecimento: de Gutemberg a Diderot, ele propõe-se a analisar tal assunto desde a publicação da Enciclopédia, como projeto do Iluminismo, até a recente elaboração da Wikipédia. Trata-se de trabalho de historiador maduro, baseado em bibliografia extensa e de excelente qualidade, com escrita fluida e didática. Uma obra de síntese com grande potencial para se transformar em importante fonte de referência.
Sua principal matriz teórica reside nas proposições do sociólogo Karl Mannheim em torno de uma sociologia do conhecimento. Seguindo trilha aberta por ele, Burke concentra-se na análise de grupos e instituições incumbidas de gerar conhecimento – em oposição a uma história intelectual, afeita tão somente aos debates científicos e filosóficos. Não é que tenha desprezado a criação individual, devidamente destacada, mas sublinha o quanto ela depende de um lugar e de uma formação social específica. Curiosamente, o autor declara que, ao escrever o primeiro livro da série, pensava ser o único a discorrer sobre o assunto. Porém, mais tarde percebeu que muitos estudiosos se dedicavam a ele: sinal de que seu próprio trabalho foi impulsionado por questões formuladas socialmente.
Em termos de estrutura, o trabalho concentra-se, nos quatro primeiros capítulos, em temas como coleta, análise, disseminação e aplicação dos conhecimentos, buscando compreender a historicidade dessas atividades. Nas duas seções seguintes, combate a ideia de que o conhecimento avança rumo a um progresso contínuo, considerando-o sujeito a perdas, extravios ou obsolescência. E, na parte final, analisa a história de seu objeto do ponto de vista geográfico, econômico, político e sociológico. A ênfase do trabalho recai sobre a criação de conhecimento nas academias e nos grupos formados em torno delas; porém, diletantes, governos e empresas privadas também têm sua atuação destacada. Aliás, nos dias atuais (na atual “sociedade do conhecimento”), segundo Burke, o centro de gravidade tem se deslocado em favor destes dois últimos agentes, bem como para fora do Ocidente (China, Japão, entre outros países).

 

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